Brasil pode abrir novos negócios no Caribe, diz Celso Amorim

16/05/2005 - 7h26

Nelson Motta
Enviado Especial

Kingston - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que está na Jamaica, disse que o Brasil pode abrir novos negócios no Caribe. O chanceler brasileiro acompanha uma delegação de empresários dos setores de alimentação, cosméticos, açúcar, etanol, automóveis e máquinas para indústria, técnicos da Embrapa, da Petrobrás e das áreas de saúde e cultura. Em entrevista à Agência Brasil, Amorim fala da viagem, que se estenderá a Barbados, e destaca que a visita à região servirá também para promover o estreitamento das políticas com os países da Comunidade do Caribe (Caricom).

Agência Brasil – Ministro, qual o objetivo desta viagem nas relações comerciais do Brasil com a Jamaica e Barbados?
Celso Amorim –Toda essa cooperação técnica que estamos trazendo para esses dois países caribenhos pode resultar em mais negócios brasileiros na região. Nós no Brasil ainda temos que aprender a desenvolver, e muitas empresas já aprenderam. Estamos abrindo um pouco mais de perspectivas de cooperação, política, cultural e técnica, e também o caminho para as empresas brasileiras.

Agência Brasil – Ministro, qual a dimensão política que essa visita a Jamaica e a Barbados pode ter para o Brasil?
Celso Amorim – Primeiro, está dentro de um contexto de aproximação política que foi marcado pela presença do presidente Lula na reunião da Comunidade dos Países do Caribe(Caricom), no Suriname. Isso foi o ponto alto de todo um processo que vinha se iniciando com a forte participação brasileira na Força de Paz no Haiti. Então, isso tudo nos levou, além de outros fatores até históricos, culturais, étnicos, a buscar uma aproximação maior com esses países do Caribe.

Agência Brasil – Ministro, porque demorou tanto para um chanceler brasileiro visitar a Jamaica?
Celso Amorim – No caso da Jamaica, que hoje, talvez seja um dos países mais importantes da região entre os países de fala inglesa, as nossas relações eram poucas. Nunca um ministro de Relações Exteriores havia estado na Jamaica numa reunião bilateral. Essa aproximação é um fator importante para as nossas ações no Caribe.

Agência Brasil – Qual será o acordo cultural que vai ser assinado com a Jamaica e Barbados?
Celso Amorim – Sempre houve um desejo de aproximação dessa região com o Brasil. Vamos fazer um leitorado (criar leitores da língua portuguesa) em universidades da Jamaica e de Barbados. Com a língua portuguesa sendo levada agora para essas universidades, eles vão poder conhecer mais o nosso país.

Agência Brasil – O senhor vai promover o dialogo entre o Haiti e a Caricom nesta visita a Jamaica e Barbados?
Celso Amorim – Nós já estamos trabalhando nesse sentido, e conseguimos "quebrar o gelo" dos países do Caribe, com a visita do chanceler haitiano a alguns países da Caricom. O Haiti já está aceitando observadores eleitorais da Caricom.

Agência Brasil – O senhor vai tratar das reformas na ONU, nesta visita?
Celso Amorim – No contexto da reforma nas Nações Unidas, o Brasil surge como um candidato ao Conselho de Segurança, mas um candidato natural, pelo menos para muitos países, senão para todos. Acho que será um tema natural de discussão, tanto na Jamaica quanto em Barbados.