Alana Gandra e Daniel Merli
Repórteres da Agência Brasil
Rio - A reestruturação do setor ferroviário brasileiro, anunciada hoje em Campinas (SP), teve três atores principais: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os Fundos de Pensão do Banco do Brasil (Previ) e da Caixa Econômica Federal (FUNCEF). Esses foram os principais investidores na reoxigenação das empresas Ferronorte, Ferroban e Novoest.
Na reordenação acionária, foi criada uma nova holding Nova Brasil Ferrovias – formada por Ferroban (que liga o porto de Santos ao oeste paulista e ao triângulo mineiro) e Ferronorte (que liga o triângulo mineiro a Rondônia e Pará). Em outra holding, fica a Novoeste Brasil, que liga o oeste paulista ao Mato Grosso do Sul, até a fronteira com a Bolívia.
Ao todo, foi investido R$ 1,5 bilhão na reestruturação das empresas de ferrovia. Desse total, o BNDES emprestou R$ 265 milhões e investiu outros R$ 382 milhões em forma de compra de ações. Com essa medida, pode passar a ter até 49% das ações com direito a voto.
Outros R$ 375 milhões foram investidos por parte de acionistas, como a Previ e o Funcef – cada um deles detendo cerca de 20% do controle acionário de cada uma das empresas.
Segundo revelou à Agência Brasil a assessoria de imprensa da Previ, no Rio de Janeiro, os investimentos realizados pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil na Brasil Ferrovias, desde 1997, totalizam cerca de R$190 milhões. Com o acordo assinado hoje, a Previ pretende investir R$188 milhões em recursos novos. A assessoria informou que os novos recursos que serão aportados pelo BNDES, Previ e Funcef se dirigem basicamente a investimentos na malha ferroviária e pagamento de arrendamentos da Ferroban e da Novoeste.
Outros R$ 445 milhões vêm da conversão de dívidas em capital. Os financiamentos concedidos pelo BNDES desde 1997, quando foram retomadas as obras de construção da Ferronorte, englobando recursos para aquisição de vagões e locomotivas e emissão de debêntures (títulos) conversíveis, alcançam R$1,5 bilhão.
A formação da Brasil Ferrovias remonta a 1989, quando foi concedida a concessão da Ferronorte. Após a fase inicial do programa de privatização do setor ferroviário brasileiro, com o leilão da Novoeste, as obras da Ferronorte foram retomadas em 1997, época que marca a entrada dos novos sócios, a Previ e a Funcef.
Em março de 2002, foi criada a Brasil Ferrovias S/A, cuja composição acionária era constituída de 26,65% das ações de propriedade da Previ, 22,31% da Funcef, 16,07% da Constran Construções e Comércio, 15,36% da LAIF, 10,36% da J.P.Morgan Chase, 3,72% do Bradesco e 5,53% de outras participações.