Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
A reunião mini-ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) realizada ontem (4) em Paris teve resultado que "permite avançar" e fornece a "chave" para as negociações para a liberalização do comércio mundial de produtos agrícolas, segundo avaliou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em entrevista concedida a jornalistas em Paris cuja transcrição foi divulgada pelo Itamaraty. "Era como se fosse o apito inicial para começar o jogo. Agora é o jogo."
"Os exportadores fizeram concessões, os importadores fizeram concessões, os países em desenvolvimento fizeram concessões, os países desenvolvidos fizeram concessões, mas é algo que nos permite avançar", disse Amorim. Representantes de 30 países, entre eles o Brasil, conseguiram chegar a um acordo em relação à metodologia utilizada para calcular as tarifas de importação dos produtos agrícolas.
"Era um ponto técnico sobre o qual nós estávamos bloqueados. Sem avançar neste ponto, nós não poderíamos avançar no restante da negociação. Nós conseguimos, depois de dois dias e meio de negociação intensa, envolvendo vários grupos, um acordo que nos permitirá avançar", explicou o ministro.
Os participantes da reunião chegaram a acordo sobre a metodologia para calcular quanto um produto recebe de proteção em relação ao seu valor, os chamados equivalentes "ad valorem" a tarifas específicas.
"Nos queremos avançar para a eliminação de subsídios, para a melhora no acesso a mercados. Tudo isto dependia deste passo inicial", explicou Amorim. De acordo com o ministro, foi uma conquista para o governo brasileiro. "A conquista é esta: você vai entrar numa sala em que encontrará vários jogadores, para pedir e fazer concessões. Mas nós não tínhamos a chave da sala. Tinham perdido a chave antes de nós entrarmos. Nós encontramos a chave, entramos na sala. Agora vamos começar a negociar".
Celso Amorim reafirmou que a agricultura é essencial na negociação da Rodada Doha, como é conhecida a atual seqüência de negociações entre os filiados à OMC. "A agricultura é o motor para a Rodada de Doha. Se não houver progresso em agricultura, não haverá progresso em mais nada".
A expectativa é que essa reunião mini-ministerial ajude os países membros a chegar a um consenso na VI Conferência Ministerial da OMC, marcada para ocorrer em dezembro em Hong Kong. A Rodada de Doha deve ser concluída em 2006.