Marcha pela Reforma Agrária reúne outros movimentos sociais

02/05/2005 - 13h02

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Até o próximo dia 17, caminham juntos pela BR-060 integrantes de diferentes movimentos sociais e regiões do país. Eles participam da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na pauta de reivindicações que levam a pé para Brasília, ocupa lugar de destaque a própria Reforma Agrária. Mas há também propostas para melhorar as condições de vida nos assentamentos, defender a Amazônia e a Biodiversidade, combater a violência no campo, alterar a política econômica e dobrar o valor do salário mínimo.

Tanta diversidade motivou a irmã Bertina Rosso, 67 anos, de Aparecida de Goiânia (GO), a acompanhar a caminhada. "Viemos dar nossa presença solidário para quem está lutando pelo próprio direito. Vamos promover momentos de oração e reflexão espiritual não-obrigatórios", diz a irmã da congregação Ursulinas de São Carlos. Assim como ela, o aposentado Inocêncio Barbosa, 68 anos, desafia a idade para chegar a Brasília com a marcha. Ele faz parte do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB).

"Sou atingido da Barragem de Cana Brava. Trabalhava no garimpo. A barragem atingiu tudo e fiquei sem renda, passando até necessidade", conta Inocêncio, hoje morador de Minaçul, em Goiás. "Espero que essa marcha mostra que muita gente precisa de indenização, que perdeu tudo com as barragens e hoje passa até fome."

Entre os integrantes do MST, o grupo mais representativo é o de Pernambuco, com cerca de 1,2 mil integrantes. Eles chegaram a Goiânia de ônibus e seguem a pé para Brasília. Assim como outros grupos, arrecadaram em suas cidades alimentos e outros materiais necessários para a maratona dos próximos dias. A maior parte deles caminha de sandálias e, em alguns momento, descalços. Pendurados nas mochilas, colchões e garrafas de água.

"Os trabalhadores vieram aqui com a esperança de colocar em prática o que discutimos há 20 anos: a concretização da reforma agrária", revela Missilene Goreti da Silva, 23 anos, educadora do MST em Caruaru (PE). "Estamos há mais de três meses nos preparando para a marcha e está todo mundo firme e forte pra marchar, vamos enfrentar vários desafios, o clima é diferente do clima da região que a gente veio. Por isso mesmo, o grupo de Pernambuco resolver não trazer crianças."