Fiocruz comprova morte de cinco crianças entre 2000 e 2003, vítimas de medicamentos manipulados

02/05/2005 - 18h53

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comprovou a morte de cinco crianças, vítimas de medicamentos manipulados, entre 2000 e 2003. Além destas mortes, outras 22 pessoas sofreram coma ou intoxicação após ingestão ou uso tópico destes remédios no mesmo período. Os casos, segundo a assessoria de imprensa do órgão, foram confirmados após denúncias dos familiares das vítimas. A Fiocruz não tem informações sobre casos mais recentes.

Para o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Victor Hugo Travassos, o número de incidentes com estes medicamentos, apesar de, estatisticamente representarem um universo desprezível no total da população, são preocupantes para a Anvisa. "Se nós olharmos o universo é bem desprezível, seria desprezível, mas a (área da) Saúde não pode olhar dessa maneira. Estatisticamente, qualquer número que seja considerado desprezível, para nós, é uma vida. Independente de muitos ou poucos casos, todos eles estavam na esteira destes pequenos ajustes que procuramos acertar com esta consulta pública."

Por isso, Travassos considera importante a resolução publicada pela Anvisa que estabelece regras para o funcionamento das farmácias de manipulação. A norma, no entanto, só entrará em vigor após uma Consulta Pública, em que qualquer pessoa poderá sugerir alterações na lei até o fim de junho.

Um ajuste previsto na regulamentação diz respeito à capacidade de produção. As farmácias de manipulação serão classificadas em sete grupos, que abrangem desde a manipulação de cosméticos até medicamentos de uso controlado. Além disso, será proibida a propaganda de manipulações para o público, por maior que seja a semelhança da fórmula com o produto industrializado.

Em muitos casos, os produtos manipulados têm custo dez vezes inferior aos produzidos em laboratório. De acordo com a dona de casa Ana Assumpção, que consome medicamentos manipulados há 30 anos, a diferença de preço é injustificável. "Tomo um antidepressivo que tem como base o cloridrato de sertralina. Pago R$ 41 por 120 comprimidos na farmácia de manipulação", relata. Segundo ela, 20 cápsulas do remédio com o mesmo princípio ativo custa, em media, R$ 65 nas drogarias.

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