Famílias de sem-teto ocupam prédio do INSS em São Paulo

02/05/2005 - 14h03

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Cerca de 500 famílias de sem-teto ocuparam na madrugada de hoje um edifício no bairro da Bela Vista, no centro da capital, que pertence ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ocupação foi organizada pela Frente de Luta Por Moradia (FLM) e, segundo os líderes, as famílias deixarão o prédio ainda hoje. De a manhã, representantes do movimento participaram de uma reunião com a Superintendência do INSS em São Paulo para pedir explicações e uma posição sobre a reforma de cinco áreas ociosas que seriam destinadas a moradias populares.

Segundo a coordenadora da FLM, Solange Carvalho, as negociações começaram em 1997 e a decisão foi destinar as cinco áreas ao Programa de Arrendamento Residencial (PAR), do governo federal. "No caso do prédio invadido nesta madrugada, o programa inclui a reforma e a construção de outros edifícios no entorno. Queremos saber porque o projeto está emperrado. O INSS disse que sua parte já foi realizada e agora depende da Caixa Econômica Federal e do Ministério das Cidades. Cerca de 500 famílias podem ser beneficiadas com o projeto", afirmou.

Solange Carvalho disse que os líderes do movimento esperarão uma resposta do INSS para depois procurar os outros órgãos responsáveis. "Queremos falar com a Caixa e o Ministério das Cidades para que eles tomem providências e dêem andamento ao programa". Ela informou que dois membros da Frente de Luta por Moradia foram a Brasília para reunião no Ministério das Cidades.

Em entrevista coletiva na manhã de hoje, o superintende do INNS em São Paulo, Carlos Eduardo Gabas, informou que em 2003 o instituto fez um acordo com a União dos Movimentos de Moradia (intermediária do processo de ocupação e desocupação de prédios) e o edifício foi desocupado e incluído no PAR. "O projeto já foi aprovado pela prefeitura e aguarda laudo estrutural, porque houve vários incêndios no período de ocupação". Para iniciar a reforma, a Caixa necessita do laudo, disse Gabas.

Ele se mostrou surpreso com a invasão e reiterou que o INSS não é responsável pela ocupação, mas ressaltou que está confiante na negociação. "Nós não concordamos com a ocupação e vamos ajudar no processo de negociação. Mesmo assim, o INSS não negocia direto com os setores responsáveis pela desocupação. Nosso interlocutor é o Ministério das Cidades".