Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileiro não vai contestar a decisão do Conselho da Organização Mundial do Comércio (OMC) de eliminar a cadidatura do embaixador brasileiro Luiz Felipe Seixas Corrêa à direção-geral da organização. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que, embora o governo brasileiro tenha dúvidas quanto aos critérios empregados pela OMC para colher as preferências dos países membros, não haverá qualquer ação. "Há momentos que você tem que entender a realidade. Ela está traçada desta maneira e nós temos que continuar a lutar pelos nossos objetivos", disse o chanceler.
A seleção dos candidatos é feita com base em listas de preferências apresentadas pelos países membros da organização, e o candidato considerado menos capaz de obter o consenso é eliminado.
Hoje, Amorim criticou "a falta de transparência" do processo de seleção, mas não questionou a confidencialidade dos votos. O ministro criticou o fato de o conselho não ter divulgado os números da votação. "Uma coisa é a confidencialidade, é não dizer quem votou em quem, o que é natural. Outra coisa é não dar números. Como posso saber exatamente se houve aferição de preferência por preferência, ou se fizeram média ponderada? Eu não sei."
No âmbito do comércio internacional, Celso Amorim disse que o Brasil continuará empenhado em melhorar as condições e normas da Organização Mundial do Comércio. A partir de agora, o governo brasileiro vai avaliar o quadro das eleições e decidir qual dos candidatos que continuam na disputa receberá o apoio do país.
A diretoria geral da OMC é disputada, agora, pelo diplomata uruguaio, Carlos Pérez del Castillo, o ex-comissário da União Européia, Pascal Lamy, e o ministro das Relações Exteriores e Comércio das Ilhas Maurício, Jaya Krishna Cuttaree.
Além disso, o chanceler afirmou que o trabalho do Brasil na OMC será de fortalecer o multilateralismo comercial e assegurar que a Rodada Doha seja concluída. Em particular, disse o chanceler, o governo brasileiro vai priorizar a plena integração do comércio agrícola nas normas multilaterais, especialmente o fim dos subsídios "distorcivos e outras formas de restrições protecionistas".