Relatora da CPI diz que não pretende retirar nome de vice-governador suspeito de exploração sexual

08/07/2004 - 14h40

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a exploração sexual de crianças e adolescentes, deputada Maria do Rosário (PT-RS) reiterou que não vai ceder a pressões para retirar nomes da lista de 250 indiciados, apresentada no relatório final que deve ser votado hoje.

"A pressão é muito forte, mas a verdade é a que liberta. Tenho absoluta convicção de que não faço qualquer negócio com meus princípios e com a minha tarefa principal", afirmou. Hoje, o líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio, apresentou um destaque para pedir a retirada do nome do vice-governador do Amazonas, Omar Aziz (PFL), do relatório.

Maria do Rosário destacou que se baseou em vários indícios para pedir o indiciamento dos suspeitos, inclusive o do governador. "Reconheço a firmeza do senador Arthur Virgílio, mas quero dizer que também estou firme, que também tenho convicções e que o meu trabalho foi desenvolvido ao longo de um ano. Portanto, se me sensibiliza o apelo emocional que ele procura fazer para o seu defendido, me sensibiliza o olhar da menina que eu atendi. Me sensibiliza o medo dela, a pressão para que ela mudasse o depoimento", diz a deputada. Aziz é suspeito de ser cliente de uma rede de prostituição envolvendo adolescentes.

O líder do PSDB, por sua vez, disse estar convicto de que o vice-governador do Amazonas é vítima e de que a CPI sabe que ele não está envolvido com as denúncias. Segundo Artur Virgílio, na época em que o fato do qual Aziz é acusado ocorreu, a filha dele estava internada e veio a morrer dias depois. "Eu não estaria aqui, a esta altura, deixando uma reunião de líderes, assuntos ligados a orçamento para fazer média política com quem quer que seja ou para bancar o adversário generoso. Estou convencido de que estou evitando uma injustiça e consegui. Se não consegui, estou lavrando meu protesto por entender que o nome de alguém está sendo arrastado à lama de maneira injusta", disse.

Virgílio destacou que o vice-governador do Amazonas é seu adversário político. O líder afirmou ainda que cabe ao Ministério Público e a Polícia Federal investigar as denúncias para se chegar ao verdadeiro culpado.