Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) - O Brasil e a Bolívia deram hoje mais um passo para incrementar a relação dos dois países no campo energético, especialmente na produção e comercialização de gás natural. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Bolívia, Carlos Mesa, manifestaram a intenção de construir um pólo gás-químico na região da fronteira, próximo às cidades de Corumbá e Puerto Suáreaz. "Planejamos instalar na Bolívia um pólo gás-químico binacional para industrializar o patrimônio mineral da Bolívia", disse Lula.
O presidente brasileiro também manifestou a intenção de montar um Centro de Tecnologia do Gás, para que o produto possa ser transformado "em poderoso motor de progresso" tanto para os bolivianos como para os brasileiros. Na avaliação de Lula, o povo boliviano vem garantindo capacitação no setor energético para explorar o gás de maneira racional, garantindo também resultados econômicos favoráveis ao país.
"O Brasil quer ajudar na criação de condições para que a Bolívia exporte produtos de maior valor agregado para o mercado brasileiro e internacional", disse Lula.
O presidente da Bolívia, Carlos Mesa, garantiu que o país vai levar adiante as promessas no setor energético, e ressaltou que a importância das medidas para a recuperação econômica boliviana.
"O pólo gás-químico binacional pode aumentar o valor agregado da nossa matéria prima mais importante", disse Mesa.
Além dos avanços no campo energético, os dois chefes de Estado assinaram uma série de acordos bilaterais nos setores político e econômico. Um dos acordos autoriza a livre circulação de brasileiros e bolivianos nos territórios de fronteiras entre os dois países, assim como elimina a necessidade de passaporte para o ingresso no Brasil e na Bolívia. Outro acordo assinado foi o que libera US$ 600 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a execução de obras viárias, especialmente a rodovia que liga Santa Cruz de La Sierra ao Brasil – que será também um caminho da Bolívia para o Oceano Atlântico.
O governo brasileiro também efetivou o perdão de grande parte da dívida boliviana com o Brasil, calculada em US$ 48 milhões. Os bolivianos vão pagar apenas US$ 2,16 milhões e vão oferecer, como contrapartida, o prédio onde está hoje situada a Chancelaria da Embaixada Brasileira em La Paz. Segundo o presidente Lula, o acordo para o perdão da dívida "expressa a certeza de que o povo boliviano saberá superar os históricos entraves ao seu desenvolvimento".