Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Puerto Iguazú (Argentina), 8/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse hoje ser favorável ao relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que sugere a vinculação automática do reajuste do salário mínimo ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e da inflação. Segundo o ministro, o governo federal tem condições e orçamento para garantir, em 2005, esse mecanismo de reajuste do salário mínimo. "Fazer isso no ano que vem é perfeitamente possível", disse.
Palocci ressaltou, porém, que a proposta do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) não deve se tornar um mecanismo definitivo de recuperação do valor de compra do salário mínimo. Segundo Palocci, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer criar um mecanismo de reajuste automático, mas ele não precisa ser necessariamente o apresentado na LDO. "A proposta é razoável não sendo uma política definitiva. O que estamos fazendo com esse relatório é incorporar ao trabalhador o crescimento do país, e isso é saudável", ressaltou.
Ao contrário de Palocci, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, havia manifestado posição contrária à proposta por temer o impacto nas contas públicas. Palocci ressaltou, porém, que o ministro Mantega também discorda da adoção definitiva desse mecanismo, e não da proposta em si. "O que me pareceu é que o ministro Mantega colocou que esse dispositivo não deveria ser uma política de longo prazo, e eu concordo. O salário do trabalhador é um componente fundamental para o processo econômico. E os senadores concordam com isso", disse.
O ministro da Fazenda não arriscou, porém, um palpite sobre a aprovação da LDO no Congresso. A votação da matéria está prevista para esta tarde. Palocci também disse não ter conhecimento sobre a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com relação a esse mecanismo. "Eu não posso responder pelo presidente nem pelo Congresso Nacional", ressaltou.
A proposta do senador Garibaldi Alves apresentada na LDO prevê, já em 2005, o reajuste automático do salário mínimo para, pelo menos, R$ 285, de acordo com os números previstos na proposta para o crescimento do PIB e da inflação. O ministro Palocci admitiu que este ano o governo não teria condições de conceder reajuste nesse valor, e, por isso, optou por aumentar o mínimo para R$ 260. Mas para 2005, segundo o ministro, o Brasil estará crescendo e a proposta dos senadores pode ser aprofundada ao longo do segundo semestre deste ano.
