Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje a democracia como o melhor instrumento para a recuperação política e econômica da Bolívia, que em outubro do ano passado enfrentou uma crise política da qual resultou a renúncia do então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, além de uma revolta popular.
Durante discurso na cerimônia de assinatura de atos com o governo boliviano, o presidente Lula disse que a decisão do presidente Carlos Mesa de realizar um referendo sobre a política energética, daqui a dez dias, assim como convocar eleições municipais no país para dezembro deste ano, "abrem caminho para a Bolívia encontrar respostas para os anseios do seu povo".
Carlos Mesa era vice-presidente e foi proclamado chefe de Estado quando ocorreu a crise política na Bolívia. Sánchez de Lozada foi obrigado a renunciar depois de protestos populares que resultaram em mais de 80 mortos e 200 feridos. Os manifestantes eram contrários a decisão de Lozada de exportar gás natural por meio de um porto no Chile.
Ao assumir o governo, Carlos Mesa se comprometeu a realizar o referendo energético e a convocar eleições municipais. A promessa ainda não realizada foi a convocação de uma nova Assembléia Constituinte, um desejo dos bolivianos e dos manifestantes contrários a Lozada.
"Neste momento em que reúne forças, a Bolívia pode contar com a amizade do governo e do povo brasileiros. Foi essa mensagem que o meu governo transmitiu, com gestos e palavras, durante a grave crise no ano passado. É tamtém este o sentido dos acordos que assinamos", ressaltou Lula.
Na avaliação do presidente brasileiro, a América do Sul precisa "de uma Bolívia democrática, próspera, e unida". Lula garantiu que o governo brasileiro acredita na capacidade do povo boliviano de construir uma democracia sólida, cultural e etnicamente diversificada. "Formar uma nação que acredita no sonho que inspirou o sonho de Bolivar, de transformar fronteiras em um espaço que se aproxima, nunca separa", ressaltou Lula.
O presidente Carlos Mesa endossou as palavras do presidente brasileiro e disse que a democracia é efetivamente o único mecanismo que permite a recuperação do povo boliviano. "Queremos que ela seja o tema crucial para o nosso futuro", garantiu Mesa.
