Brasília, 8/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério da Cultura lançará hoje 11 editais para produção de filmes, vídeos e jogos eletrônicos por meio de concurso público. Também será lançada a segunda edição do projeto Doc-TV. "A idéia é aproximar o cinema independente e a televisão", disse o secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, que participou ontem do programa "Diálogo Brasil", transmitido pela TV Nacional em rede com a TV Cultura de São Paulo, a TV Educativa do Rio de Janeiro e o canal a cabo NBR. O programa será reprisado às 22h de sábado.
"O governo trabalha para conseguir a sustentabilidade de desenvolvimento do cinema, para que ele não seja apenas mais uma onda e possa se estabelecer", afirmou Orlando Senna, que debateu os rumos da produção brasileira com o cineasta Paulo Thiago, a documentarista Érika Bauer e o crítico Amir Labaki, diretor do Museu da Imagem e do Som em São Paulo.
Paulo Thiago destacou que o cinema brasileiro "está caminhando para uma área muita perigosa", em que o filme médio fica de fora, entre as produções do tipo "blockbuster", campeãs de bilheteria, e os documentários, em sua maioria independentes. Presidente do Sindicato do Cinema e Audiovisual (Sicav), Thiago lembrou que esses filmes médios tiveram seu auge na década de 70 e citou "Pixote", de Hector Babenco.
O secretário de Audiovisual informou que os editais prevêem a realização de 154 obras – nove longas-metragens de baixo orçamento (quatro deles, documentários), 25 curtas-metragens de ficção e 10 de animação. De acordo com o ministério, serão investidos R$ 15 milhões e a expectativa é de que 3 mil empregos diretos sejam criados.
A prioridade da Secretaria de Audiovisual, ressaltou Orlando Senna, "é a exibição e a distribuição". Ele prometeu a destinação, em breve, de mais R$ 2 milhões para a área, após o convênio de R$ 4 milhões firmado em dezembro com a Petrobras. E a documentarista Érika Bauer lembrou que existem vários filmes à espera de exibição, "porque o mercado está muito difícil".
O crítico Amir Labaki, questionado sobre o sonho brasileiro de ser exibido nas telas norte-americanas, informou que os mercados latino-americano e europeu são "muito mais abertos à interação com outras cinematografias". E acrescentou: "Penetrar no cinema americano é um sonho de todo o mundo, que o mundo todo não conseguiu realizar."