Milena Galdino e Keite Camacho
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Dez mil e quinhentos agentes multiplicadores de conhecimentos alimentares serão formados pelo programa Cozinha Brasil - Alimentação Inteligente, lançado há dois dias pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A estimativa é do ministro Patrus Ananias. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, ele destacou que as pessoas receberão as instruções sobre o valor nutricional dos alimentos e deverão repassar o que sabem a toda a comunidade para que o programa seja permanente.
"As unidades móveis do projeto Cozinha Brasil são caminhões equipados para a produção de alimentos", disse. Ananias ressaltou que, hoje, 30% dos alimentos são desperdiçados no Brasil. "Aproveitá-los é dar um passo fundamental na erradicação da fome", comentou.
O ministro espera que, por meio de associações comunitárias, cooperativas, igrejas e escolas, as comunidades recebam dicas para melhorar a qualidade nutricional das refeições. "As pessoas saberão como aproveitar cascas com alta concentração de proteínas, fazer hortas comunitárias, criar pequenos animais", prevê Patrus Ananias.
O Cozinha Brasil foi lançado experimentalmente, em fevereiro deste ano, na Expo Fome Zero, em São Paulo. Ele é resultado de um programa maior do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi), idealizado em 1999. É o "Alimente-se Bem com R$ 1", que surgiu a partir do trabalho de nutricionistas da entidade, que pesquisaram hábitos alimentares no estado de São Paulo, o preço dos alimentos e seu teor nutritivo. Segundo a assessoria do Sesi, eles identificaram desperdício de partes importantes dos alimentos e criaram receitas com o que era jogado fora.
Em setembro de 2003, o programa passou a ser desenvolvido em 31 municípios paulistas, com oferta de cursos gratuitos. Em São Paulo, nove restaurantes do Sesi permitem aos freqüentadores conferir receitas do programa. A refeição completa, incluindo salada, prato principal, sobremesa e suco custa R$ 2. Segundo a assessoria do Sesi-SP, 17% dos alimentos manipulados em casa vão parar no lixo. Além disso, 60% do lixo domiciliar são compostos por comida. O Sesi se baseou em dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
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GA