Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O historiador Adolar Koch pesquisa e leciona na universidade onde Leonel Brizola começou sua carreira política. Segundo ele, no final da década de 30, o então estudante de engenharia, futuro governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, já se destacava como liderança política no Diretório Acadêmico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com o tempo, Brizola adquiriu luz própria. A tentativa de retomar um projeto político trabalhista para o Brasil chegou a ganhar seu nome: brizolismo.
"Ele se formou no meio do positivismo e, em seguida, passou a se espelhar no populismo e trabalhismo de Getúlio Vargas e João Goulart", lembra Koch, pesquisador especializado em História do Brasil, com a maior parte dos estudos voltados para a Revolução de 30.
"A morte de Brizola encerra um ciclo político da historia brasileira. Um ciclo iniciado justamente na década de 30. Ele era o último porta-voz de um projeto totalmente calcado no princípio da justiça social".
Para Koch, os partidos trabalhistas como PTB e PDT (até então presidido por Brizola) tendem a se dissolver em breve. O motivo. "Trata-se de uma linha partidária que funciona por meio do mandonismo, com um caudilho ou um chefe bem definido".
De acordo com o pesquisador, a impossibilidade de colocar novamente em prática um projeto político trabalhista ficou bem clara nas eleições de 1989, quando Brizola perdeu para Lula a possibilidade de ir para o segundo turno da eleição presidencial com Fernando Collor.
"Com a retomada do projeto democrático, após a ditadura militar, tínhamos uma nova conjuntura, marcada pelo capitalismo globalizado, neoliberalismo e precarização das relações de trabalho", explica Koch. "Nesse contexto, o trabalhismo tem uma força mítica, mas acaba não tendo a mesma força do novo. O Partido dos Trabalhadores é justamente esse algo novo, construído depois do regime militar, levando em conta toda a atual conjuntura."