São Paulo – O ministro do Planejamento, Guido Mantega, disse hoje, na abertura do Fórum sobre Investimentos em Infra-Estrutura (Infra 2004), que o país precisa de US$ 20 bilhões/ano de investimento em infra-estrutura, sendo US$ 4 bilhões em transporte e logística. Ele acrescentou que apresentará em Nova Iorque as oportunidades de investimentos em infra-estrutura no Brasil para um grupo de cerca de quinhentos investidores.
"O problema do transporte é mais sério do que nós pensamos", afirmou o diretor de Logística da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Élcio Ribeiro, no painel do Fórum sobre as necessidades de investimentos na expansão da malha ferroviária "Estávamos esperando para este ano praticamente um colapso da infra-estrutura de transporte em função das previsões de produção", explicou.
A soja foi citada por Élcio Ribeiro como exemplo do bom desempenho da produção agrícola brasileira. "Em 1996, nós produzimos na ordem de 20 milhões a 22 milhões de toneladas de soja. Nós estamos prevendo em 2007, segundo dados da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), chegarmos até 70 milhões de toneladas. Estamos falando de um crescimento de 50 milhões de toneladas em um prazo de, praticamente, dez anos. Precisamos analisar o que foi investido e o que a infra-estrutura de transporte se desenvolveu ao longo desse tempo", afirmou.
"Na realidade, se nós tivéssemos a produção que estava sendo esperada para este ano (cerca de 59 milhões de toneladas), estaríamos enfrentando um caos inadministrável", acrescentou Élcio Ribeiro, destacando que a produção brasileira de soja este ano sofreu "uma redução de sete a oito milhões de toneladas".
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Luiz Cesário Amaro da Silveira, destacou o impacto que o transporte ferroviário teria no escoamento da produção agrícola. Ele citou como exemplo a Ferrovia de Carajás no transporte de minério. Cada trem, segundo ele, transporta 20 mil toneladas de minério, totalizando 180 mil toneladas nos nove trens diários do sistema. "Se isso é possível com um produto de pouco valor agregado, porque todo ano vemos aquele engarrafamento quilométrico (nas rodovias de acesso aos portos)?", questionou.