Mylena Fiori e Flávia Albuquerque
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo - Brasil e Colômbia, os dois países mais populosos da América do Sul, estão decididos a trabalhar juntos para a construção da Comunidade Sul-Americana de Nações e para a efetiva integração do continente. Na manhã de hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, reuniram-se em São Paulo e, em seguida, abriram o primeiro Fórum de Negócios Brasil-Colômbia, com a presença de ministros e empresários dos dois países.
"Precisamos construir uma nova geografia econômica e comercial dos países em desenvolvimento", disse o presidente Lula, reiterando que não se trata de substituir fluxos tradicionais de intercâmbio Norte-Sul. "Queremos, sim, criar novas oportunidades e encorajar parcerias que explorem as complementaridades entre as economias do sul", afirmou.
De acordo com o presidente, o Brasil considera fundamental reequilibrar as relações comerciais entre os países sul-americanos. Com a Colômbia, o comércio bilateral é definido por Lula como "fortemente assimétrico", pois as exportações brasileiras para aquele país são 76 vezes maiores que as exportações colombianas para o Brasil. Em 2003, as trocas comerciais entre os dois países alcançaram US$ 847 milhões – deste total, as exportações brasileiras representaram US$ 748 milhões, contra US$ 98 milhões das vendas colombianas para cá.
"O Brasil é somente o vigésimo-quinto destino das exportações colombianas. Não convém, em nosso próprio benefício, deixar esta situação perdurar", avaliou Lula. O presidente prometeu apoiar o desenvolvimento econômico da Colômbia. "No que depender do governo brasileiro e das instituições financeiras do Brasil, faremos todo o esforço que estiver ao nosso alcance para que possamos aumentar essa parceria Colômbia-Brasil".
O governo pretende incrementar as importações da Colômbia e promover investimentos brasileiros no país. Com este objetivo, foi realizado o Fórum de Negócios Brasil- Colômbia. "O que estamos fazendo com esta reunião é um passo a mais na política de integração que tanto sonhamos para a América do Sul. Uma integração do ponto de vista cultural, econômico, comercial. Uma integração, enfim, que possa fazer com que todos nós nos sintamos numa única pátria estando na América do Sul", sintetizou Lula.
De acordo com o presidente brasileiro, a construção de uma infra-estrutura comum e uma forte integração econômico-comercial são os alicerces "para realizarmos nosso sonho de uma Comunidade de Nações Sul-americana, um continente mais integrado, próspero e mais unido".
Álvaro Uribe também destacou a necessidade de integração entre os países da América do Sul. "O caminho é o consenso e a cooperação, não a confrontação. Sem o Lula essa integração não seria possível", enfatizou, elogiando a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na reunião de trabalho desta manhã, Lula e Uribe ressaltaram a necessidade de estabelecer laços mais estreitos entre as duas economias e decidiram trabalhar conjuntamente para a integração física dos países sul-americanos e para o fortalecimento da comercialização do café nos dois mercados internacionais.
Os presidentes registraram satisfação com o fortalecimento da cooperação bilateral em matéria de defesa e segurança – fundamental, inclusive, para a proteção da biodiversidade da Amazônia. "É preciso que os dois países combatam o narcotráfico e não permitam que a droga invada a Amazônia. Ecologicamente, isso interessa aos dois países. Quase 1,6 milhões de hectares já foram destruídos pelo narcotráfico. Se não pararem o narcotráfico, a droga pode destruir a Bacia Amazônica", avaliou o presidente da Colômbia.
Lula e Uribe conversaram, ainda, sobre a produção de álcool combustível na Colômbia a partir da experiência brasileira. "Com a redução da produção de combustíveis fósseis (petróleo), a Colômbia aspira a destilar um milhão de litros de álcool. O álcool é uma alternativa essencial não só devido à redução da produção de petróleo, mas também para a preservação do meio ambiente. Espero que os empresários brasileiros invistam na produção de álcool na Colômbia", afirmou Álvaro Uribe.
Em relação a temas da agenda internacional, Lula e Uribe enfatizaram a necessidade de fortalecer o multilateralismo e reformas nas Nações Unidas, inclusive no Conselho de Segurança, afim de torná-lo mais representativo. Por fim, assinalaram a relevância do compromisso de longo prazo da comunidade internacional com o Haiti.
