São Paulo (SP), 22 de junho - O setor sucro-alcooleiro tem grande potencial de produção e não existe risco de desabastecimento interno dos dois produtos caso as exportações aumentem - é preciso apenas investir em infra-estrutura e logística de transportes. A avaliação é do presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), João de Almeida Sampaio Filho. Segundo ele, "o país tem uma condição de produção interna muito grande. O setor está profissionalizado e pode atender novas demandas do açúcar e do álcool".
O presidente da SRB disse que o Brasil pode se tornar o principal fornecedor de álcool combustível no mercado internacional. Ele citou como exemplo o Japão, que estuda atualmente a adição de álcool na mistura com a gasolina, diante da possibilidade de que entre em vigor o Protocolo de Quioto, que estabelece metas de redução dos gases do efeito estufa. Para adicionar apenas 2% de álcool à gasolina, os japoneses necessitarão de cerca de 400 milhões de litros de álcool, completou.
Hoje, o Brasil produz 16 bilhões de litros de álcool, a partir da cana-de-açúcar cultivada em 3 milhões de hectares. Mas, segundo Sampaio Filho, é preciso investir na modernização do sistema de transporte e armazenagem. "A questão da infra-estrutura logística só deve ter solução no curto e médio prazos com as Parcerias Público-Privadas (PPP), portanto é fundamental que o projeto possa ser votado o mais rápido possível no Congresso Nacional".
Sobre o anúncio de recursos de R$ 39,5 bilhões pelo governo para a próxima safra, Sampaio Filho declarou que o volume de recursos ficou abaixo da expectativa do setor, que propôs R$ 56,2 bilhões. Ele acrescentou que o aumento da oferta de financiamento a juros fixos de 8,75 % continua menor do que o setor deseja, se comparada ao crescimento do volume atrelado a juros livres. O crédito a juros fixos cresceu 7,9 %, totalizando R$ 17,7 bilhões, contra um crescimento de 121% de recursos que serão financiados a juros abertos (R$ 11,05 bilhões).
A decisão do governo em ampliar o limite de financiamento de custeio para cada produtor de cana-de açúcar, de R$ 60 mil para R$ 100 mil, foi bem recebida. "Essa foi uma decisão muito positiva e era uma reivindicação do setor há dois anos", completou.