Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O diagnóstico precoce aliado ao uso de medicamentos pode ajudar as pessoas portadoras do mal de Alzheimer, doença degenerativa que causa a morte gradual dos neurônios, a permanecer no estágio leve da doença por mais tempo. O alerta foi feito hoje (21), Dia Mundial do Alzheimer, pela médica Jerusa Smid, do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). “O medicamento promove um período de estabilidade. Há casos em que há uma melhora da memória, mas o tratamento é feito para retardar a evolução da doença”.
Ela ressalta que a doença, que atinge cerca de 5% da população com mais de 65 anos, não tem cura e provoca a perda de funções como memória, raciocínio, juízo crítico e orientação. Os portadores da doença apresentam, além de lapsos de memória, alterações de comportamento, desorientação espacial e dificuldades para fazer tarefas normais como se alimentar ou se vestir.
Nos estágios mais avançados, a pessoa passa a não reconhecer parentes e amigos até ficar totalmente dependente. “O indivíduo fica repetitivo, incapaz de aprender uma nova informação. Essa alteração de memória é justamente para novas informações, para fatos recentes. A memória de acontecimentos antigos continua bastante preservada no início do quadro. [O paciente] pode ainda não reconhecer lugares que antes lhe eram familiares e se perder nas datas. Pode também ter depressão, apatia, surtos de agressividade, delírios de roubo, [mania de] perseguição e ciúme”, explicou Smid.
De acordo com a neurologista, não existe nenhuma forma de prevenir a doença, mas há estudos que indicam que o cuidado com os fatores cardiovasculares de risco também são importantes para evitar doenças neurodegenerativas. “A prática regular de atividade aeróbica, o controle de doenças como pressão alta, diabetes, colesterol, o não hábito do tabagismo, fazem do indivíduo alguém com menos chance de desenvolver o Alzheimer”.
Ela aconselha às famílias a prestar muita atenção caso haja um parente que se torne repetitivo, que tenha dificuldade para encontrar palavras quando está conversando e, caso percebam esses sintomas, devem procurar um médico geriatra, clínico geral, neurologista ou psiquiatra. “Esses médicos vão aplicar testes adequados e vão ver se realmente é um problema de memória ou não”.
Smid destacou que quanto mais exercícios o cérebro fizer, menores as chances de a pessoa desenvolver o Alzheimer. Ela recomendou a leitura, palavras cruzadas, jogos de tabuleiro. “É preciso exercitar o pensamento. Se a pessoa tem o hábito de ler todos os dias, está exercitando o cérebro e já está fazendo uma atividade a mais para se proteger contra essas doenças”, disse.
A neurologista ressaltou ainda que as pessoas que convivem com pacientes, sejam elas parentes ou cuidadores, também devem procurar orientação médica e psicológica. “É uma doença que traz bastante sobrecarga, tanto emocional quanto física, para os cuidadores e familiares porque o indivíduo se torna cada vez mais dependente. É uma doença em que toda a família acaba sendo envolvida e consumida”.
Edição: Vinicius Doria