Polícia Pacificadora precisa de inserção social para dar certo, diz especialista

21/09/2010 - 20h20

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A instalação de conselhos comunitários, redes sociais na internet e serviços telefônicos de ligação gratuita são fundamentais para o funcionamento das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). “A integração com a comunidade evitará que as patrulhas militares se tornem mais um grupo armado, em substituição aos grupos criminosos”, disse a antropóloga e cientista política Jaqueline Muniz, sócia-fundadora da Rede Latino-Americana de Policiais e Sociedade Civil.

A antropóloga fez a declaração durante debate em comemoração ao Dia Internacional da Paz, organizado pelo Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil, hoje (21).

Segundo a especialista, a criação de mecanismos práticos e de fácil acesso possibilita aproximar os moradores das áreas ocupadas da polícia. Sem os cidadãos, destaca Jaqueline, a polícia não funciona. "É o cidadão que chama a polícia. Ele sabe o que acontece".

Para que o cidadão participe, Jaqueline sugere a participação individual e em grupo, sem vínculos políticos e partidários, para que não sejam usados como "trampolim político”, de maneira que as pessoas possam acessá-los sem interromper a rotina. "As pessoas não têm tempo para nada. Tem que ser uma coisa prática".

"Desde 1983 conhecemos iniciativas que foram desativadas. Não porque não deram certo, mas porque muda o governante, muda a prioridade política, muda as intenções e, dessa maneira, as iniciativas acabam abandonadas".

A Polícia Militar está consciente de que precisa melhorar a relação com os moradores em comunidades ocupadas. O comandante das UPPs, coronel Robson Rodrigues, afirmou que a integração com a comunidade é recomendável em todas as áreas.

"Procuramos observar a vocação do local, aqueles que têm certa legitimidade. A criação de uma rede solidária com a população é fundamental. Só com a polícia, vamos voltar ao modelo anterior. Não é isso que queremos", declarou.
 

 

Edição: Rivadavia Severo