Amigos e lembranças na missa de 7º dia da morte do jornalista Antônio Arrais

21/09/2010 - 22h36

Vinicius Doria
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Durante os mais de 30 anos que viveu em Brasília, o jornalista Antônio Arrais se dedicou às coleções: livros, discos, amigos e boas histórias. Livros e discos sempre foram uma paixão. Os amigos, por sua vez, estavam lá, na missa de sétimo dia. E, na Igreja de São Camilo, na Asa Sul da capital, algumas das boas histórias foram resgatadas.

“A minha história de amizade com o Arrais vem da juventude e do início de carreira. Nós cobríamos juntos o [presidente João] Figueiredo, as histórias de viagens que temos dessa época dão para escrever um livro”, disse o ex-presidente da extinta Radiobras, jornalista Carlos Zarur, uma das cerca de 150 pessoas que participaram da missa.

Editor da Agência Brasil, o cearense Antônio Arrais colecionou muitos amigos. Em Recife, onde iniciou sua longa trajetória no jornalismo brasileiro escrevendo para os principais jornais da cidade (Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco) e nas sucursais do Jornal do Brasil e de O Globo, e em Brasília, que o acolheu em 1978. Na capital da República, após uma passagem pela Agência Estado, foi para a Radiobras em 1987. A experiência acumulada no dia a dia do jornalismo levou-o a passar 12 anos nas assessorias do Tribunal Superior Eleitoral, do Senado Federal e da Procuradoria-Geral da República, onde atuou como Coordenador de Comunicação Social. Em 2003 retornou à Radiobras.

“Eu e Arrais chegamos a Brasília praticamente juntos. Sempre tivemos a sorte de ter pautas com o mesmo enfoque, o que facilitava nossos encontros. A maior qualidade de Arrais era o coração dele. Ele tinha um caráter irretocável e escrevia como ninguém”, lembrou o jornalista Moacir “Môa” Carvalho de Castro Filho.

A qualidade do texto, a postura ética, a correção no trato da informação e o respeito pela profissão que abraçou fizeram a fama do Arrais jornalista. O mau-humor crônico e a disposição para uma boa prosa eram características do amigo Arrais. “Apesar daquele humor fechado, ele tinha uma presença de espírito como ninguém. As respostas que dava às pessoas quando estava irritado eram únicas. Para quem via de fora, muito engraçadas", conta o jornalista Pedro Luiz Rodrigues.

Rodrigues também tirou da memória algumas lembranças. “Umas das coisas que nós, amigos, adorávamos fazer era irritá-lo em uma mesa de bar. Não tinha jeito melhor de fazer isso do que pegar o copo de cerveja dele e dar uma 'bicada'. Ele não tocava mais no copo. Não sei se era mania, mas ele não tocava mais no copo. Como a turma que andava com a gente já sabia disso, certeza: Arrais enchia o copo e, volta e meia, alguém aparecia lá para dar um gole".

Arrais era casado com Thelma e deixa quatro filhos: Leonardo, Daniela, Marcelo e Rodrigo. Morreu no dia 14, em casa, vítima de um infarto fulminante, aos 64 anos.

 

Edição: Rivadavia Severo