Pesquisa mostra que 45% dos brasileiros não têm hábito de ler

28/05/2008 - 17h02

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quase metade (45% ou 77 milhões) dos 172,7 milhõesde brasileiros abrangidos pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil não leramnenhum livro nos últimos três meses. Desse público,47% são mulheres e 53%, homens. O estudo, feito pelo Instituto Pró-Livro e Ibope Inteligência, considerou como universo a população na faixa etária a partir dos cinco anos. A pesquisa foi feita por amostragem, com base em 5,2 mil entrevistas em 311 municípios brasileiros dos 27 estados, no período de 29 de novembro a 14 de dezembro de 2007.Apesar do alto índice, o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), André Lázaro,avalia como positivo o resultado da pesquisa. “O copo estárazoavelmente cheio, mas a nossa sede é muito maior. Afotografia hoje diz que estamos em um bom caminho, mas essasinformações nos estimulam a trabalhar mais”, acredita Lázaro. O relatórioaponta que os classificados como não-leitores estãona base da pirâmide social: 28% deles não sãoalfabetizados e 35% estudaram só até a 4ª sériedo ensino fundamental. Metade do grupo pertence à classe D e amaioria tem renda familiar de um a dois salários-mínimos.A pesquisa indica ainda que os livros religiosos são os quemais atraem esse público: 4,5 milhões disseram ler aBíblia.Entre os motivos para não ler, a falta de tempo aparece como o mais apontado, com 29%. Outros 28% não lêem porque não sãoalfabetizados e 27% porque não gostam ou não têminteresse. Entre as limitações, 16% afirmaram que possuemum ritmo lento de leitura e outros 7% disseram não compreendera maior parte do que lêem. O relatório ressalta que a leitura aparece em quinto lugar entre as atividades preferidas dos entrevistados, ficando atrás de ver televisão, ouvir música, ouvir rádio e descansar.  As Regiões Nortee Nordeste, que apresentam os menores Índices deDesenvolvimento Humano (IDH) do país, tambémregistraram as menores médias de leitura por habitante/ano: 3,9 e4,2 respectivamente. A média nacional é de 4,7 livros ano/habitante.Para o presidente do Instituto Pró-livro,Jorge Yunes, o baixo resultado está vinculado aos níveisde escolaridade nessas regiões. “O incentivo [à leitura] nasescolas é muito importante, o governo tem que trabalhar paraque esse índice seja igual no Brasil inteiro. Se aescolaridade aumentar, com certeza a leitura aumenta também”,apontou Yunes.