Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília - DosR$ 140 milhões que o governo federal destinará parapesquisa em saúde neste ano, pouco menos que a metade, cercade R$ 60 milhões, serão canalizados para investimentosem estudos sobre inovação tecnológica deequipamentos e materiais.SegundoSuzanne Serruya, diretora do Departamento de Ciência eTecnologia do Ministério da Saúde (MS), a área deequipamentos é um dos pontos-chave do Complexo Industrial daSaúde, previsto pelo PAC da Saúde e que estárecebendo um suporte especial para pesquisa.“Nóstemos um balança comercial negativa nesse setor de quase U$ 1bilhão ao ano. Isso mostra que é necessário queo Brasil produza equipamentos dos mais simples aos mais complexos comautonomia para tornar o próprio SUS [Sistema Único de Saúde] sustentável”,afirmou.Além disso, ela destacou que, por envolvermateriais e tecnologia de alto custo, as pesquisas em equipamentosexigem maior concentração de recursos do que outras,como, por exemplo, as que avaliam sistemas de atendimento.Deacordo com Eduardo Oliveira, coordenador geral de Economia da Saúdedo MS, o mercado brasileiro de equipamentos e materiais de saúde,que inclui kits de soro, catéteres, tomógrafos,aparelhos ortopédicos e aparelhos de ecocardiograma,movimenta em torno de U$ 3,5 bilhões.Dototal, cerca de 70% é absorvido pelo SUS, seja por meio decompras diretas do Ministério da Saúde, dos estados emunicípios ou de reembolso de serviços prestados porestabelecimentos credenciados.Segundoele, a maioria dos produtos de alta tecnologia agregada usados nasunidades de saúde do país são importados. “Háum montante significativo de produtos fabricados no Brasil, mas sãoprodutos simples e de baixo valor agregado, como kits de soro,agulhas e seringas. Por outro lado, nos produtos de altíssimatecnologia, como tomógrafos, aparelhos de ressonânciamagnética e ultra-som, aceleradores lineares para terapia decâncer, nós somos absolutamente dependentes”, afirmou.Oliveirasalientou que, com a entrada de produtos chineses no mercadonacional, as importações vem crescendo até emmateriais de baixa tecnologia usados na saúde.Naopinião do coordenador, ao investir na área deequipamentos médicos é possível mobilizar toda acadeia científica-tecnológica, que inclui a formaçãode recursos humanos para laboratórios de avaliaçãode qualidade e para o desenvolvimento de pesquisa e desenvolvimentonas empresas, melhorando o patamar de qualidade e competitividade dosprodutos fabricados no país.“Induzindo produçãolocal com qualidade, e não protegendo mercados pura esimplesmente, com base nas demandas tecnológicas do SUS, seconsegue incentivar desenvolvimento tecnológico e de produção,aumentar renda e emprego e mobilizar toda a cadeia produtiva.”Aindade acordo com ele, o desenvolvimento de equipamento nacional nãoirá gerar necessariamente economia para o poder públicona área da saúde, mas garantir qualidade que nem sempreé alcançada com os produtos que vem de fora e melhoraro acesso e a resolutividade dos serviços prestados apopulação.