Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ogoverno federal vai disponibilizar este ano aproximadamente R$ 140milhões para pesquisa em saúde por meio de editais doConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Quase metade dos recursos será canalizada para a inovaçãotecnológica no setor de equipamentos e materiais. A segundaárea com maior investimento, cerca de R$ 21 milhões, éa de pesquisas em Terapia Celular, envolvendo células-troncoadultas e embrionárias.Além das duas áreas,o financiamento de estudos com recursos dos ministérios da daSaúde e da Ciência e Tecnologia vai abranger este anoprojetos em Pesquisa Clínica (R$ 15 milhões), Avaliaçãode Tecnologias em Saúde (R$ 4 milhões), SaúdeMental (R$ 6 milhões), Síndrome Metabólica (R$6,5), Centros de Toxicologia (R$ 6,6 milhões) , SaúdeBucal (R$ 2 milhões), Doenças negligenciadas (R$ 17milhões) e Epidemiologia Genômica de DoençasComplexas (R$ 6,5 milhões).As linhas de pesquisaespecíficas a serem contempladas em cada uma das 10 áreasserão definidas durante a Oficina de Prioridades de Pesquisaem Saúde, aberta hoje (28), em Brasília, com aparticipação de mais 150 pesquisadores de ponta egestores de saúde ligados aos temas de interesse.Deacordo com Suzanne Serruya, diretora do departamento de Ciênciae Tecnologia do Ministério da Saúde (MS), embora umaagenda nacional de prioridades em pesquisa em saúde tenha sidomontada em 2004, é necessário ouvir tanto a comunidadecientífica como os profissionais que gerenciam os serviçosde saúde para atualizar as necessidades do setor e aplicar commelhores resultados os recursos disponíveis.“Seconstrói nessa oficina um consenso técnico e políticode quais são os problemas de saúde que a pesquisa poderesolver e que nós devemos investir em busca de conhecimento.Isso é necessário para que a gente use esse recursos damaneira mais efetiva”, disse a diretora.Segundo ela, asdecisões da oficina, que encerra amanhã (29), vãosubsidiar a elaboração da chamadas públicas paraseleção dos projetos que devem ser divulgadas pelo CNPqe Finep no segundo semestre deste ano.Duas novos oficinasserão realizadas nos próximos meses para tratarespecificamente de definições de prioridades na áreade Terapia Celular e Doenças Negligenciadas (como malária,dengue, tuberculose, leishmaniose, hanseníase e mal deChagas).Nocaso da Terapia Celular, R$ 10 milhões serão aplicadospara o financiamento de estudos, enquanto os outros R$ 11 milhõesserão destinados à implantação ainda esteano da Rede Nacional de Terapia Celular, que terá atribuiçãode coordenar pesquisas sobre o tema no país e criar linhagensbrasileiras de células-tronco embrionárias, embora aconstitucionalidade do uso desse tipo específico decélulas-tronco esteja sendo julgada hoje e amanhã noSupremo Tribunal Federal (STF).De acordo com ReinaldoGuimarães, secretário de Ciência, Tecnologia eInsumos Estratégicos do MS, por enquanto as pesquisas comtodos os tipos de células-tronco são permitidas pelaLei de Biossegurança. Por isso, segundo ela, o ministérioestá dentro da lei.“Apequisa com células-tronco no Brasil é permitida nostermos da Lei de Biossegurança, inclusive com células-troncoembrionárias. Por isso, o Ministério da Saúde,ao tomar essa iniciativa de fazer chamadas públicas e criar arede, está rigorosamente dentro da lei. Eu não sei oque vai acontecer [no STF]e naturalmente, quanto as células-tronco embrionárias,o Ministério da Saúde terá que se pautar peladecisãodo Supremo”, afirmou.Segundoo secretário, as pesquisas com células-tronco vêmsendo apoiadas pelo MS desde 2004 com investimento de cerca de R$ 24milhões nos últimos três. Até agora, cercade 60 projetos foram desenvolvidos, mas ainda estão em fasesexperimentais. As pesquisas que mais avançaram foram asdirecionadas ao tratamento de doenças cardíacasutilizando células-tronco adultas