Brasil Alfabetizado tem "baixíssima efetividade", diz ministro da Educação

15/03/2007 - 21h41

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou hoje (15) que o Programa Brasil Alfabetizado não está cumprindo seu papel na erradicação do analfabetismo no país, pois não está "onde estão os analfabetos".“Identificamos que o Brasil Alfabetizado, assim como outros programas federais de alfabetização, têm baixíssima efetividade. Em geral, a razão é muito simples: não estamos onde estão os analfabetos”, afirmou durante apresentação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), no Palácio do Planalto.Segundo o ministro, há cerca de mil municípios no país com taxa de analfabetismo superior a 35%. “O Brasil Alfabetizado não está na maioria destes municípios”.Na avaliação de Haddad, o programa precisa usar o conceito de territorialidade e criar uma classificação para as cidades onde a taxa de analfabetismo está caindo. Assim, os municípios seriam classificados como livres do analfabetismo quando 97% da população for alfabetizada. Por outro lado, cidades alfabetizadoras seriam aquelas que, entre 2001 e 2010, reduzissem o analfabetismo em 50%.“Com esse selo, queremos motivar os municípios do entorno destas cidades que estão fazendo um bom trabalho a se mobilizar pela alfabetização”.O ministro citou como um dado "relevante" o fato de 62% dos professores de estabelecimentos rurais estarem com carga horária de até 20 horas semanais – a maioria, alfabetizando crianças. No turno livre, a proposta é incentivar a alfabetização de jovens e adultos.“Estes professores estão onde estão os analfabetos; alfabetizam crianças, por que não combinar a duas coisas?” indagou.De acordo com ele, 100 mil professores da rede pública poderiam ser bolsistas do Ministério da Educação (MEC). “Basta, para isso, que criem uma turma de alfabetização de jovens e adultos no contraturno”.O ministro acrescentou que isso permitiria substituir o alfabetizador leigo pelo professor alfabetizador do sistema público.Organizações Não-Governamentais e Universidades que quisessem manter programas de alfabetização com alfabetizadores leigos contariam com 20% do orçamento do Brasil Alfabetizado, embora a idéia seja priorizar instituições que adotem municípios.