Policiais Federais cobram cumprimento de acordo firmado pelo governo

15/03/2007 - 22h00

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Policiais federais podem paralisar suas atividades, caso o governo federal não cumpra o acordo negociado pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em fevereiro de 2006, e não pague a segunda parcela do reajuste salarial à época combinada. Além de estarem em estado de greve desde o último dia 15 de fevereiro, os policiais já planejam uma paralisação para o próximo dia 28.Hoje (15) à tarde, representantes dos cerca de nove mil militares distribuídos por cinco categorias (delegados, peritos, agentes, escrivães e papiloscopistas) se reuniram em Brasília, onde pretendiam ser recebidos por Thomaz Bastos. Como o ministro estava em Maceió (AL), os manifestantes fizeram um rápido ato público, expondo, diante do edifício do Ministério da Justiça, cartazes nos quais pediam o cumprimento do acordo.“Não vamos fazer greve agora. Esse não é o nosso intuito, mas vamos permanecer mobilizados”, disse o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Sandro Torres.Segundo os policiais, o acordo previa um reajuste salarial de 60%, dividido em duas parcelas iguais. A primeira delas foi paga em julho de 2006. A segunda, alegam os policiais, deveria ter sido paga em dezembro do mesmo ano, mas até agora não houve nenhuma resposta.A reposição negociada buscava diminuir a desigualdade salarial entre a Polícia Federal, o Ministério Público e a Magistratura Federal.Em nota, a ADPF afirma que, enquanto as outras carreiras tiveram reajustes que variaram entre 130% e 311%, os policiais federais receberam, nos últimos 12 anos, uma recomposição pouco acima de 40%.Ao cobrar uma audiência com um representante do governo, o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Octávio Brandão, afirmou estar esperançoso de que o futuro ministro, Tarso Genro, resolva o problema sem a necessidade de novas manifestações por parte dos policiais. Ele lembrou que, apesar de não estipular um prazo limite para o governo cumprir o acordo, a categoria permanece em estado de greve.“Queremos que nos chamem para conversar, para definirmos uma nova data para o pagamento desta segunda parcela do reajuste. Mas temos um cronograma de ações, e todas as categorias estão alerta, aguardando para negociar o que foi prometido”.De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Federal, a organização dos agentes e a mobilização em torno das reivindicações são legítimas. Sobre a acusação de descumprimento do acordo, a instituição não vai se manifestar.