Tumulto em ato contra a transposição do São Francisco foi feito para desviar o foco, alega grupo de acampados

16/03/2007 - 0h56

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As entidades que promovem o acampamento “Pela Vida do Rio São Francisco e do Nordeste, Contra a Transposição” divulgaram nota em que afirmam que o tumulto e o incidente de hoje (15), no Ministério da Integração Nacional, foram causados por pessoas que não fazem parte do movimento.O grupo - contrário à transposição das águas do rio e favoráveis à sua revitalização - afirma que o ato foi “desvirtuado por um incidente provocado para tirar o foco do real objetivo dos manifestantes: chamar a atenção do Executivo, que não tem dialogado com as lideranças dos movimentos e organizações sociais sobre o projeto”.De acordo com um dos coordenadores do movimento, Rubens Siqueira, também não há provas de que o morador de Taguatinga (DF) Roney Vagner da Silva, detido sob acusação de causar dano ao patrimônio público, tenha quebrado uma das portas de vidro do ministério.Silva, que milita em movimentos sociais da capital, estava presente, mas teria se ferido nos estilhaços da porta. “O depoimento dele foi obtido sem o acompanhamento de um advogado. Portanto, não tem validade jurídica”. Siqueira afirma que o manifestante foi solto mediante o pagamento de fiança no valor de R$ 100. Para o coordenador do acampamento, o fato não vai atrapalhar o movimento. “Não prejudica na medida em que não foi um de nós. E se for provado, nós mesmos tornaremos público nosso desacordo com o ato. A proposta era fazer um protesto pacífico, simbolizando o enterro do projeto de transposição”.Após a manifestação, os acampados prosseguiram buscando apoios políticos. Depois de se reunirem com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, uma comissão foi ao Senado, onde apresentou suas razões ao presidente Renan Calheiros.Nesta sexta-feira, após passarem a semana acampados, os manifestantes encerram suas atividades em Brasília. Pela manhã, o grupo vai protocolar uma ação popular no STF. À tarde, concede entrevista para apresentar o balanço final da mobilização. O bispo da Diocese de Barra (BA), Dom Luiz Cappio, deve participar do ato de encerramento. Ele já fez greve de fome em protesto contra o projeto.