"Tenho orgulho de ter participado daquela CPI", diz Mercadante a Collor

15/03/2007 - 22h15

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O discurso em que o senador Fernando Collor deu sua versão sobre a cassação do mandato como presidente da República, hoje (15), foi marcado por vários apartes durante as mais de três horas de duração.Um deles foi do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que em 1992 participou como deputado titular da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou denúncias de corrupção apresentadas por Pedro Collor, irmão do então presidente, e culminou no impeachment.Mercadante se disse orgulhoso por participar da investigação. “Vossa Excelência pagou um preço muito alto e reconstruiu sua vida nadisputa democrática, mas assim como Vossa Excelência tem a convicção domandato que construiu, eu tenho orgulho de ter participado daquela CPI,de ter lutado pelo que lutei”.O senador negou que a intenção da comissão tenha sido provocar “um terceiro turno” das eleições de 1989, como afirmou Collor. “Não compartilho com aqueles que consideram que o trabalho da CPI ou o impeachment se deveram à falta de uma relação republicana entre o governo e o Congresso”.Ele disse que boa parte dos parlamentares que compunham a CPMI “não alterariam suas atitudes em função de qualquer outro tipo de negociação que não fosse a apuração dos fatos”. Citou, por exemplo, Pedro Simon, Mário Covas, Maurício Corrêa, José Paulo Bisol e Jackson Pereira.O primeiro aparte ao discurso de Collor coube ao líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Pouco antes, o ex-presidente lamentou que os tucanos não tenham integrado seu governo quando propôs, já em plena crise, uma aliança. Segundo Collor, o hoje governador de São Paulo, José Serra, teria virado ministro da Fazenda e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ministro das Relações Exteriores. O acordo foi vetado pelo ex-governador paulista Mário Covas.Virgílio afirmou que Collor foi anistiado “pelo Supremo Tribunal Federal e pelas urnas”. A mesma linha de raciocínio foi apresentada pelo presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). Ele elogiou a iniciativa de Collor de, com o pronunciamento, dar a sua versão história do processo de cassação.