Árvore plantada em homenagem a Patrícia Acioli receberá placa em memória à luta da juíza

11/08/2012 - 18h08

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Há um ano, a juíza da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo Patrícia Acioli foi assassinada na porta de casa, em Niterói, Rio de Janeiro. Ela era conhecida pelas ações de repressão ao crime organizado. O assassinato de Patrícia gerou comoção nacional e reações de magistrados em todo país.

O movimento Rio da Paz homenageia a juíza hoje (11) à noite, na Praia de Icaraí, Niterói, afixando uma placa na Árvore da Patrícia com os seguintes dizeres: “Em memória da juíza Patrícia Acioli, que em dias de barbárie e menosprezo à vida, lutou com autonomia e coragem contra o crime organizado no Rio de Janeiro”. Os ativistas vão depositar flores ao pé da árvore e acender velas. Ao fim da solenidade, eles farão a simulação do disparo de 21 tiros.

Na ocasião da morte da juíza, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou o episódio como “extremamente grave”, pois, segundo ele, foi um ataque direto àqueles que tentam conter a criminalidade no país. A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) promoveu manifestações em defesa de mais segurança para os magistrados.

Um dia depois da morte de Patrícia, no site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), o presidente do tribunal, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, também manifestou sua indignação e disse que o crime não ficaria impune. Ele afirmou ainda que Patrícia Acioli nunca pediu segurança, embora o regulamento do TJRJ determine, desde 1998, que os juízes requisitem segurança caso se sintam ameaçados.

Santos contou que, por iniciativa do TJRJ, a magistrada teve segurança total, feita por três policiais, por 24 horas, entre 2002 e 2007. A segurança foi reduzida para um policial em 2007, quando a juíza considerou que a escolta não era mais necessária.

De acordo com as investigações sobre o crime, Patrícia Acioli era tida como juíza linha-dura, por aplicar penas rigorosas contra traficantes de drogas e policiais acusados de corrupção. A posição assumida por ela gerou várias ameaças de morte, segundo seus parentes e amigos.

Por volta das 23h30 do dia 11 de agosto de 2011, uma quinta-feira, a juíza foi morta na porta de casa, no bairro de Piratininga, região oceânica de Niterói, por dois homens encapuzados. Eles estavam em duas motos. Patrícia Acioli voltava do Fórum de São Gonçalo, que fica na região metropolitana do Rio. Ela foi assassinada com 21 tiros.

Ao assumir o lugar da colega, o juiz Fábio Uchôa avisou que não daria trégua a policiais envolvidos em crimes. Segundo ele, o funcionário público que aproveita de sua função para praticar um crime deve ser punido “com mais rigor”. Ele foi designado para a função quatro dias depois da morte da magistrada.

Patrícia Acioli tinha 47 anos e deixou três filhos. Ela ingressou na magistratura do Rio em 1992 e foi promovida para a 4ª Vara Criminal de São Gonçalo em 1999.

 

Edição: Lana Cristina