Fernanda Cruz
Repórter Agência Brasil
São Paulo – A 22ª Bienal Internacional do Livro espera receber 800 mil visitantes, boa parte deles composta por crianças. Somente da rede estadual de ensino paulista, 20 mil alunos de 466 escolas irão em 500 ônibus para a feira. O objetivo principal das excursões escolares é despertar, no público infantil, o gosto pela leitura.
No Brasil, a média de livros lidos por crianças e adolescentes é superior à dos adultos, como mostrou pesquisa feita pelo Ibope para o Instituto Pró-Livro, em parceira com a Câmara Brasileira do Livro (CBL). A média geral anual de leitura em 2011 foi quatro livros por brasileiro; a faixa etária de 5 a 10 anos leu 5,4 livros; a de 11 a 13 anos leu 6,9 livros e de 14 a 17 anos, 5,9 livros.
Para o diretor da CBL, Mansur Bassit, o contato das crianças com os livros tem um importante papel na formação de novos leitores no país. “É de pequeno que a gente começa a motivar, estimular a descoberta do mundo, da imaginação, o poder criativo e o mundo mágico que o livro traz”, observou.
Na capital paulista, a CBL tem um programa em parceria com a Secretaria Municipal de Ensino chamado Minha Biblioteca, no qual cada criança recebe dois livros por ano e, ao final do ensino fundamental, terá formado a sua própria biblioteca com 18 livros. “É um esforço conjunto, um trabalho de formação de professores e conscientização da família”, explicou Bassit.
Maria José Coelho, professora e coordenadora da Escola Estadual Daily Resende Fonseca, que fica na zona norte da capital paulista, acompanhou a excursão da turma da 4ª série pela bienal nesta semana. Ela acredita que a criança leitora desenvolve a capacidade de se comunicar e escrever melhor, além de expandir o senso crítico. “É a formação de um cidadão. Acredito que a leitura é a base para tudo”, avaliou.
Para ela, a bienal serve de complemento no despertar do interesse pela leitura, mas a escola precisa ser a maior responsável por esse trabalho. “Desde os primeiros anos, os alunos são incentivados por rodas de leituras, bibliotecas, empréstimos de livros e pelos professores que contam histórias todos os dias. É um trabalho de formação de leitores intenso”, conta. A professora disse que, durante suas aulas, foca seu trabalho em autores de clássicos infantis como Rute Rocha, Eva Furnari, Monteiro Lobato, Ziraldo e Ana Maria Machado.
Felipe Freitas, de 10 anos, aluno da escola Daily Resende, é um exemplo do trabalho desenvolvido pelos professores para criar o hábito da leitura entre as crianças. Ele se diz apaixonado por leitura, tanto que leu dez livros este ano por meio da roda de livros organizada pela sua escola. Na bienal, ele aproveitou o vale-livro no valor de R$ 20, fornecido pelo governo do estado, para comprar duas revistas e um livro.
Fã da escritora brasileira Ana Maria Machado, Gabriela Batista, de 10 anos, contou que um dos livros mais marcantes que leu foi A Viagem de Théo, de Catherine Clement. A história do garoto que adoece e é levado pela tia para uma viagem pelo mundo encantou Gabriela, que leu as 632 páginas do livro em apenas uma semana. Ao visitar a bienal pela primeira vez, a pequena leitora mostrou-se encantada pela grande quantidade de títulos à venda no evento. “O que mais gostei aqui foi da variedade”, disse.
A bienal ocorre no Pavilhão de Exposições do Anhembi. O horário de visitação é das 10h às 22h, de 9 a 18 de agosto. No dia de encerramento, 19 de agosto, a feira vai funcionar das 10h às 20h, com entrada até as 18h.
Edição: Lana Cristina