Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília - Há 32 anos no Brasil, para onde veio a convite, junto com o marido, também artista de circo, a romena Cecília Krateyl é hoje a funcionária mais antiga do Circo Internazionale di Napoli. Além de ser neta e filha de artistas, Cecília tem o gosto de já ter se apresentado ao lado de suas três filhas - uma delas hoje trabalha nos Estados Unidos - e de já ver três dos dez netos ensaiando os primeiros passos na atividade.
Ela sorri quando, por brincadeira, é perguntada se nunca foi acusada de colocar os filhos para trabalhar. "No começo eles não querem. Eu mesma quando criança não queria. Mas a gente incentiva com jeitinho. E quando eles entram no picadeiro, aí não tem volta", disse a mulher que, aos 71 anos, ainda colabora como assistente de palco das próprias filhas. "Ninguém pode obrigar um filho a seguir esta carreira porque ela exige muita disciplina e não é fácil ensinar a arte a quem não quer aprender".
Filha de dono de circo, Pollyana Pinheiro, de 30 anos, bem que tentou seguir outros caminhos. Chegou a cursar administração em sua cidade natal, Campo Limpo Paulista (SP), mas já há muitos anos acostumada ao ambiente circense, terminou não resistindo ao apelo do picadeiro. "Fiz um ano de faculdade, mas tranquei quando o circo voltou a viajar. Nasci no circo e ele me fascina".
Casada com um artista circense de quinta geração, Pollyana já prepara o filho para seguir os passos da família e torce para que, um dia, ele passe os ensinamentos adiante. Para a administradora do Circo di Napoli, o contato direto com o público e a reação das crianças diante de um bom espetáculo é o que mais motiva os artistas a darem o melhor de si à arte. "Hoje em dia as crianças quase nem saem de casa. E quando elas vêm...nossa! Fica claro que o circo não pode acabar. Os pais ou as escolas têm que trazer as crianças para apreciar esta cultura milenar".
Na última terça-feira (22), ao acompanhar uma sessão matutina do Circo di Napoli para cerca de 900 alunos e professores da rede pública de ensino do Distrito Federal, a Agência Brasil pôde testemunhar que a magia do circo continua a encantar plateias.
"Foi ótimo. Gostei de tudo. Nunca tinha vindo a um circo e quero voltar com os meus pais", comentou Marcelo Eduardo de Souza, de 7 anos, que, durante o espetáculo, vibrava a cada vez que o palhaço surgia das coxias e só ficou quieto, perplexo, diante das evoluções de um acrobata sobre uma bicicleta desmontável. Seu amigo, Bernardo Fortes Galvão, de 8 anos, também aprovou o programa. "Já tinha ido a outros circos e acho muito divertido. É legal ver que as pessoas ficaram vários dias treinando para mostrar isso para a gente. Todas as crianças deveriam vir ao circo porque elas iriam gostar, é muito animado".
Edição: Rivadavia Severo
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