Faltam escolas de formação para profissionais circenses, aponta coordenador de curso

27/03/2011 - 14h48

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Faltam políticas públicas no Brasil voltadas para a formação de profissionais circenses. A afirmação foi feita à Agência Brasil por Rodrigo Matheus, coordenador do Centro de Formação Profissional em Artes Circenses (Cefac), uma iniciativa sem fins lucrativos que funciona no Tendal da Lapa, na zona oeste de São Paulo, com 25 alunos.

Segundo Matheus, que cursou o Circo Escola Picadeiro (tradicional escola de circo de São Paulo) e que também é professor de circo, ator e já foi trapezista, o número de escolas de formação para profissionais circenses em todo o Brasil não passam de 50. Na França, de acordo com ele, o número é 12 vezes superior.

“O que temos no Brasil hoje é um déficit de formação. O Canadá, por exemplo, investiu milhões de dinheiro público na estrutura de formação do circo deles. A França e a Bélgica também. A França, por exemplo, põe centenas de milhões estimulando suas mais de 600 escolas”.

Matheus defende que deveriam existir “mecanismos fixos e consistentes” para apoiar as escolas voltadas para esse tipo de formação, principalmente porque o circo representa uma forma de cultura tradicional do país. “Todas as escolas funcionam num esquema de mercado, disputando com as escolas de inglês, de yoga, de teatro e academias, sendo que o circo é uma cultura que, se não for incentivada, tende a acabar”.

Segundo ele, a procura por cursos voltados à arte circense nunca foi tão grande. “Cada vez tem mais gente querendo se profissionalizar na área, buscando o circo como realização profissional e os espetáculos circenses estão cada vez mais profissionais”. Hoje em dia, explicou Matheus, há uma grande diversificação profissional para o artista circense, que pode trabalhar com companhias no exterior, promover eventos para empresas, dar aulas e até morar numa cidade só e viajar somente quando tiver que se apresentar.

A maior dificuldade e os menores salários para os profissionais circenses acabam se concentrando nos pequenos circos de família. “Esse meio tem tido muitas baixas. Tem muitos filhos dessas famílias que não trabalham mais em circo”.

Um dos alunos do Cefac é o técnico de som e luz Pedro Cauê Marques Levy, 21 anos. No local há pouco mais de um ano, Levy faz aulas de acrobacia e malabarismo e espera seguir nessa profissão. Começou estudando teatro, mas a paixão de infância pela arte circense acabou falando mais alto. “Minha área mesmo é o circo".

Levy disse que sua pretensão é criar um grupo e “viajar, fazendo apresentações”. Para isso, pretende usar suas aulas técnicas de circo para aprimorar “a comicidadade”. “Meu foco é ser palhaço”.

 

Edição: Rivadavia Severo

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