Elaine Patricia Cruz e Alex Rodrigues
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo e Brasília - Diversos estados e cidades brasileiras proíbem os circos de apresentarem animais em seus espetáculos. Nas localidades em que há previsão legal, os animais são apreendidos e entregues ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a zoológicos ou a organizações não governamentais (ONGs). Não existe uma lei federal, mas já tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que pretende proibir a exibição de animais em circos em todo o país.
A esperança de Marlene Querubim, diretora-presidente do Circo Spacial e da Academia Brasileira do Circo e vice-presidente da União Brasileira de Circos, é que a utilização de animais em circos seja permitida sob regulamentação, como ocorre em alguns países da Europa e também nos Estados Unidos. Com a regulamentação, explica Marlene, seria estabelecido o tamanho da jaula para os animais e as formas de adestramento, por exemplo. “Temos a esperança de que essa lei seja aprovada da forma como pedimos”, disse ela.
Para Marlene, “houve um grande engano” na forma como a questão foi tratada na sociedade. “ONGs mal-intencionadas divulgaram notícias de maus-tratos em circos. Respondo a esta questão da seguinte maneira: existem pais que cuidam bem dos filhos e existem pais que maltratam os filhos. E nem por isso vamos deixar de ter filhos. Existe gente que maltrata e essas pessoas devem ser punidas. Mas não a classe circense. Animais fazem parte da tradição e da história do circo.”
Segundo Marlene, a proibição da exibição de animais atinge apenas os circos, deixando rodeios e a Polícia Militar, por exemplo, de fora. “Acho que é discriminação, um preconceito contra o circo.”
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Circo (Abracirco), Camilo Torres, a proibição é extremamente prejudicial para os circos. "Isso é algo que faz parte da história da atividade desde suas origens. Perdemos em presença de público, artistas tiveram que se desfazer de seus animais e os circos tiveram que adaptar seus espetáculos. Do ponto de vista simbólico, da magia, a proibição, que não é federal, trouxe um prejuízo".
Administradora e artista do Circo Internazionale di Napoli, Pollyana Pinheiro, afirma que, com a ausência dos animais, os circos perderam também em exposição pública. "Antigamente os animais funcionavam como um atrativo a mais para o público. Até em termos de publicidade. Era comum os circos chegarem em algumas cidades e percorrerem as ruas expondo alguns dos animais. Hoje temos que gastar muito com mídia para divulgar que o circo está na cidade".
Já a Aliança Internacional do Animal (Aila), uma entidade não governamental, sem fins lucrativos e de defesa dos animais, quer a proibição da utilização de quaisquer animais em circos. Em entrevista à Agência Brasil, a presidente da entidade, Ila Franco, afirmou que “não é natural um animal ficar fazendo brincadeira de gente”. “Este não é o habitat deles. Eles [animais] têm o direito de ser livres, como nós, e de agirem como espécie que são”, afirmou Ila.
Edição: Rivadavia Severo
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