Rio dança para comemorar o Dia Nacional do Samba

02/12/2010 - 17h15

Paulo Virgílio

Repórter da Agência Brasil

  

Rio de Janeiro - As comemorações do Dia Nacional do Samba no Rio de Janeiro sempre foram marcadas pelo tradicional trem que sai da Central do Brasil e segue até a estação de Oswaldo Cruz, na zona norte da cidade, ao som do ritmo que é a grande referência da música popular brasileira. Este ano, no entanto, a programação de festejos da data ocorrerá nesta quinta-feira (2) e no sábado (4), quando o Trem do Samba - três composições de oito carros cada uma – fará o percurso entre a Central do Brasil e o bairro de Oswaldo Cruz, a partir do meio-dia.

 

Nesta quinta-feira, às 19h, num palco montado na estação ferroviária da Central do Brasil, um show comandado pelo sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz reúne as velhas guardas da Portela e do Império Serrano, o Jongo da Serrinha, Mauro Diniz e Renatinho Partideiro. No sábado, a partir das 11h, no mesmo palco, antecedendo a partida do trem, Marquinhos recebe em outro show Wilson Moreira e Nelson Sargento, além das velhas guardas.

 

A tradição do samba nos trens do subúrbio carioca começou na década de 20 do século passado, com um dos fundadores da Escola de Samba Portela, Paulo Benjamin de Oliveira, mais conhecido como Paulo da Portela. Somente em 1992, no entanto, por iniciativa do portelense Marquinhos de Oswaldo Cruz, é que foi criado o Trem do Samba, que começou com apenas um carro de uma composição, reunindo algumas dezenas de sambistas.

 

Ao longo dos anos, o principal evento em comemoração ao Dia Nacional do Samba foi atraindo um público cada vez maior. Em 2000, já eram dois trens especiais e atualmente são três. Com a transferência para o sábado, o Trem do Samba passa a sair ao meio-dia (antes a saída era às 19h).

 

Segundo a concessionária SuperVia, isso dará maior conforto maior quem quer sambar ao longo do percurso, já que é um dia de menor movimento de passageiros no sistema ferroviário do Rio. Em cada carro haverá uma atração tocando samba até a estação de Oswaldo Cruz. Quem for embarcar no trem pode optar entre o pagamento da passagem, no valor de R$ 2,50, ou a doação de 1 kg de alimento não perecível para o Programa Fome Zero.

 

Para Ricardo Cravo Albin, pesquisador e historiador da música popular brasileira, o samba é o gênero musical nacional do país. E este fato, por si só, já justifica a importância da data e de sua comemoração no Rio de Janeiro, disse Albin. “Nós temos num país musicalmente poliforme, como é o Brasil, centenas de gêneros musicais, urbanos ou rurais, e sobretudo, as grandes vertentes de nossos ritmos, todas de matriz carioca: o choro, o samba, a bossa nova.”

 

Albin não atribui maior importância a polêmica sobre a origem do samba, que, segundo alguns estudiosos, teria nascido na Bahia. “Acho que a história indica que o samba nasceu no Rio de Janeiro, na casa da Tia Ciata, nas imediações da Praça Onze,e se cristalizou a partir de seu primeiro registro sonoro, que foi a gravação, em 1917, do Pelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida, jornalista e carnavalesco conhecido como Peru dos Pés Frios.

 

Edição: João Carlos Rodrigues