Governo vai cortar gastos em todos os ministérios, diz Mantega

02/12/2010 - 21h52

Cida Rezende

Repórter da TV Brasil

 

Wellton Máximo

Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – O corte de gastos no próximo ano será generalizado e atingirá todos os ministérios, disse hoje (2) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em entrevista exclusiva à TV Brasil, o ministro afirmou que os cortes se concentrarão nos subsídios.

 

“Agora é o momento de haver retração dos gastos dos subsídios de modo que o setor privado tenha condições de fazer este papel. Então vamos diminuir os gastos, praticamente, em todos os ministérios. Haverá uma redução de despesas e vamos trabalhar para que as despesas não aumentem.”, disse Mantega.

 

Segundo o ministro, é necessário adaptar o Orçamento ao período pós-crise para compensar o aumento nos gastos públicos nos últimos dois anos. Para ele, o país está cumprindo a função de tornar a política econômica anticíclica, em que o Estado gasta mais em momentos de crise para estimular a economia e amplia o ajuste fiscal em fases de crescimento.

 

“Quando a economia precisava, o Estado foi lá e estimulou. Agora que a economia caminha com suas próprias pernas, o Estado se retira e deixa o setor privado fazer a sua parte”, ressaltou. “Assim teremos finanças públicas saudáveis, de modo que o Estado possa voltar a gastar mais, se preciso.”

 

Para o ministro, o rigor fiscal a partir de 2011 abrirá espaço para o aumento da poupança pública e a redução dos juros. A redução do gasto público, declarou, impulsionará o consumo e o investimento privados.

 

O ministro reiterou que o plano de estímulo ao crédito privado de longo prazo ainda não saiu porque envolve a discussão com vários setores. As medidas, informou, envolverão o estímulo ao mercado de debêntures (títulos) imobiliários e de securitização (conversão de dívidas de curto prazo em longo prazo). “Não é um conjunto pequeno de medidas, mas vai ser bom porque teremos mais crédito de longo prazo liberado pelos agentes privados, o que hoje é escasso no país”, avaliou.

 

Mantega elogiou ainda a aprovação pelo Senado do Cadastro Positivo. Na avaliação dele, a divulgação da informações sobre os bons pagadores propiciará o corte de juros pelas instituições financeiras e a redução do spread bancário – diferença entre os juros cobrados dos clientes e as taxas pagas pelos bancos para captarem recursos. “Hoje, o sistema conhece pouco cada um dos que demandam crédito, o que resulta em juros mais altos para todos. O compromisso do setor financeiro é reduzir o spread ao saber melhor com quem está lidando.”

 

A crise na Europa, afirmou o ministro, trará consequências para o comércio exterior do Brasil por causa da guerra cambial provocada por países que desvalorizam as moedas locais para vender mais aos mercados emergentes. Mantega, no entanto, ressaltou que o Brasil está preparado para enfrentar turbulências internacionais e assegurou que o crescimento econômico não está ameaçado.

 

“Ela [a crise nos países desenvolvidos] tem consequências para nós, mas como o Brasil está muito sólido e tem forte mercado interno, depende menos do exterior. Porém esses problemas são administráveis, de modo que o Brasil vai continuar crescendo e se desenvolvendo, apesar da crise europeia”, completou Mantega.

 

Edição: João Carlos Rodrigues