Morales passa hoje por ritual de “limpeza espiritual” dos povos pré-incas

21/01/2010 - 4h47

Renata Giraldi
Enviada Especial
La Paz (Bolívia) - Antes de assumir o segundo mandato, opresidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, passa hoje (21),durante toda a manhã, por um “ritual de limpeza” . A cerimônia é umcostume típico dos povos indígenas pré-incas. As energias dosancestrais são atraídas para Morales como garantia de sabedoria e êxitopara mais cinco anos de governo. O local escolhido é um dos principaispontos turísticos do país: as ruínas de Tiwanaku.O presidenteLuiz Inácio Lula da Silva enviou o assessor especial para  AssuntosInternacionais, Marco Aurélio Garcia, para representá-lonas cerimônias de hoje e de amanhã (22) – que será a transmissão deposse oficial. Morales decretou feriado nesta sexta-feira. Amanhã, no fim do dia, quem quiser poderá participar de uma festa popular no Estádio Hernando Siles.Opovoado onde será celebrado o ritual fica a 75 quilômetros de La Paz (capitaladministrativa do país). Também em 2006, quando tomou posse do primeiromandato, Morales submeteu-se à mesma cerimônia de bênçãos. Para acelebração foi escolhido o templo de Kalasasaya, localizado na região dapirâmide de Akapana.Para a cerimônia, Morales deverá vestiruma túnica nas cores branca e preta que, segundo os povosindígenas da região do alto da Bolívia, simbolizam prosperidade,sabedoria e êxito. Uma anciã e uma menina conduzem a cerimônia. A ideiaé que o descendente indígena seja guiado pelos espíritos da sabedoriano período em que estiver no comando. Morales aproveita para agradecersuas conquistas às energias dos antepassados.O presidentereeleito deve usar ainda uma espécie de boina de lã colorida queprotege as orelhas, típica dos indígenas andinos, e um colar de flores.O colar significa a celebração da vida. Ao final da cerimônia, ele receberá das mãos da anciã e da criança um bastão. Neleestarão vários símbolos dos povos indígenas – penas e lãs coloridas.Morales conseguiu promover as eleições de dezembroapós mudar a legislação eleitoral. As mudanças garantiram apossibilidade de reeleição e sua permanência no governo por mais cinco anos. Ontem (20), seus ministros colocaram os cargos à disposição,alegando que facilitariam para Morales decidir sobre uma eventualreforma ministerial.Em meio às mudanças de assessores, Evo Morales está às voltas com as eleições regionais de 4 de abril.O objetivo dele é assegurar maioria também no poder regional, uma vezque tem apoio majoritário na Câmara e no Senado, além de entidadescivis. Em pouco mais de dois meses serão realizadas eleições para novegovernadores, 234 deputados estaduais, 327 prefeitos e 1.700conselheiros municipais.