Crea condena projeto de construção da sede da Eletrobrás no centro histórico do Rio

21/01/2010 - 19h54

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Aprovado pela prefeitura e avalizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto da futura sede da Eletrobrás tem posição contrária da entidade que habilita profissionais de engenharia e arquitetura. O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, disse hoje (21) que condena o projeto desde sua concepção.“O prefeito alterou, na Câmara Municipal, a legislação do Corredor Cultural da Lapa, que limitava a seis andares as construções no local, para permitir o espigão de 44 andares. Não houve qualquer discussão pública, nem a sociedade foi ouvida, e esse projeto é uma ameaça à toda a área que guarda características importantes da cultura, da arquitetura e da própria paisagem, que será, sem dúvida alguma, agredida”, lamenta Guerreiro.Pelo projeto, o prédio poderá ter até 133 metros de altura. Os Arcos da Lapa, que datam de 1750 e são o principal cartão postal do centro da cidade do Rio de Janeiro, medem 18 metros de altura.“O Corredor Cultural foi uma grande vitória, nasceu como resposta ao processo de destruição progressiva das características históricas, arquitetônicas e paisagísticas do centro do Rio”, lembra. O presidente do Crea-RJ lembrou ainda de projetos arquitetônicos ousados na área, onde estão o Paço Imperial, a Praça XV e estreitas ruas que dão acesso ao Largo da Carioca e à Lapa.Guerreiro diz que, na criação do Corredor Cultural da Lapa, há mais de uma década, foram ouvidos profissionais da esfera de ação do conselho, mas também empresários, músicos e artistas. Um processo bem diferente do atual, na sua opinião.“De repente, surge um projeto de forma pouco discutida, é um projeto chapa branca. Se fosse o resultado de um concurso público, que é o meio mais democrático de discussão num caso assim, mas não. A prefeitura, o Iphan, o Inepac [Instituto Estadual do Patrimônio Cultural] e a Câmara de Vereadores resolveram tudo e aprovaram o projeto.”O Crea-RJ argumenta que projetos deste porte alteram completamente a proposta de preservação arquitetônica e histórica destas áreas e que o projeto de construção da sede da Eletrobrás causará a desvalorização do Corredor Cultural da Lapa.Em nota distribuída recentemente, quando começou a polêmica, a Secretaria Municipal de Urbanismo informou que o aumento do gabarito para atender o projeto da Eletrobrás “revitaliza e recupera a essência da atividade econômica do Rio”.“No local, hoje, funciona um estacionamento e não há nenhum imóvel tombado, ou seja, não há valor cultural e urbanístico agregado”, concluiu o secretário Sérgio Dias.