Déficit das contas externas ameaça estabilidade do Brasil nos próximos anos, diz Bresser

11/01/2010 - 16h05

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda e daAdministração, defendeu hoje (11) que o Brasildeveria passar por mudanças na política econômica para fortalecersuas contas externas contra uma eventual crise econômica internacional. Mas reconheceu quealterações só poderão ser viabilizadas após as eleições presidenciais,que ocorrerão neste ano de 2010.“O presidente Lula não estáconvencido até hoje, e eu compreendo que não esteja, porque a políticaadotada pelo Banco Central contribui para a estabilidade daeconomia brasileira", afirmou."Concordo que esta política tem conseguidoestabilidade de preços, mas não estabilidade macroeconômica." Segundo ele, a estabilidade macroeconômica exigiria que o país estivesse livre de crises por conta do aumento do déficit nas contas externas.  O Brasil apresentou uma piora no saldo das contas externas, chamadas de transações correntes, que é a soma de exportações, importações e serviços como viagens internacionais. "Em 2011,estaremos candidatos a crise externa”, alerta Bresser, apósparticipar da abertura do Programa AvançadoLatino-Americano Para Repensar a Macroeconomia e o DesenvolvimentoEconômico, realizado na sede daFundação Getúlio Vargas (FGV). BresserPereira mostrou-se totalmente contra manter a taxa de crescimento dopaís por meio de endividamento externo, que é uma forma de cobrir o déficit das contas externas. Pelos seus cálculos, a saída deveria ser combate ao gasto público e melhoria dosistema de arrecadação fiscal. Fazendo uma análise dos últimos 4 anos,ele afirmou que, até 2008, a gestão do governo federal manteve o gastopúblico sob controle. Na previsão dele, a economia brasileiradeve crescer algo em torno de 5% a 6% em 2010. Apesar dessa evolução, BresserPereira aponta que há uma condição desfavorável, porque diante doresultado de déficit nas contas externas o “país voltou a ter umasituação ideal para os países ricos em relação aos seus competidores emdesenvolvimento, que é mantê-los fortemente endividados”.Com base em estudos comparativos que fez sobre o desempenho econômico das nações, Bresser apontou que o Brasil poderia ter tidoum crescimento mais expressivo. Para ele, foi medíocre o resultadodiante de outros parceiros do chamado Bric (grupo formado porBrasil Rússia, Índia e China). Os chineses tiveram crescimento foi três vezesmaior no ano passado e a Índia, duas vezes mais.