Crise na Argentina entra na segunda semana e governo aguarda decisão da Justiça

11/01/2010 - 10h56

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise política na Argentina, causada pela decisão da presidenteCristina Kirchner de trocar o comando do Banco Central, entra hoje(11) na segunda semana. A juíza María José Sarmiento analisa nestasegunda-feira as apelações do governo contra sua determinação demanter Martín Redrado à frente do BC e condenar o uso de recursosda reserva nacional para pagamento da dívida externa, como quer apresidente.A juíza recebeu na manhã de hoje os documentos apelatórios dogoverno argentino, enviados pela Câmara do ContenciosoAdministrativo Federal. Paralelamente, os advogados de Redradoencaminharam documentos à magistrada. No sábado (9), o governo interpôsapelações às decisões da Justiça.Também hoje (11) ovice-presidente da Argentina, Julio Cobos, sem autorização deKirchner, deve se reunir com os parlamentares para analisar apossibilidade de uma convocação extraordinária do CongressoNacional – o Legislativo argentino está de recesso. O objetivo érealizar sessão extraordinária para analisar o decreto assinado nasemana passada pela presidente exonerando Redrado.Irritada com a atitudede Cobos, Cristina Kirchner desautorizou seu vice a conduzir asnegociações. Segundo a presidente, Cobos atuaria contra o governo eao lado da oposição, uma vez que já anunciou interesse emconcorrer às eleições presidenciais no ano que vem. Em meio àscontrovérsias, a oposição se manifestou em favor da manutençãode Redrado e contra Kirchner. O governo tem minoria no Congresso.Na última quinta-feira (7), Cristina Kirchner demitiu, por decreto,Redrado. A presidente defende que sejam usados cerca de US$ 6,6bilhões das reservas estrangeiras para pagar vencimentos da dívidaexterna em 2010. Redrado é contra. Indignada com a insistência dopresidente do Banco Central, a presidente teria designado MiguelPesce, atual vice-presidente do BC, como interino. No entanto, seuobjetivo seria nomear Mario Blejer.Pelas leis daArgentina, o Banco Central é autônomo e o presidente da instituiçãodeve ser designado e destituído pelo Congresso Nacional. O mandatode Redrado acaba em setembro deste ano. Ele se recusa a deixar asfunções.