Suriname identifica 18 líderes do ataque a brasileiros

08/01/2010 - 5h00

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Duas semanas depois do ataque a brasileiros no Suriname, o governosurinamês concluiu parte das investigações sobre o crime. O Serviço deInteligência identificou 18 homens apontados como líderesdos 300 quilombolas (descendentes de escravos - os  “marrons”) quecomandaram o crime. Entre eles, há vários com passagens pela polícia. ÀAgência Brasil, o embaixador brasileiro em Paramaribo, José Luiz Machadoe Costa, disse que está afastado o risco de novos ataques.“Asautoridades do Suriname garantem que o que houve foi um crime isolado eque as ameaças de novos ataques estão afastadas. Por segurança, foireforçado o esquema de policiamento em Albina (a 150 quilômetros de Paramaribo,onde houve a agressão aos brasileiros) e no interior do país”, disse o embaixador. “O Serviço de Inteligência estámonitorando tudo.”Segundo Machado e Costa, o desafio agora édar assistência aos brasileiros que estavam em Albina – na madrugada doúltimo dia 24 – e aos demais que vivem no Suriname. De acordocom o embaixador, três ações conjuntas são realizadas: apoiar asvítimas, estimular a legalização de papéis – a maioria está ilegal nopaís vizinho – e esclarecer sobre as normas e cultura surinamesas.“Muitosdos que vêm para cá [o Suriname] não têm conhecimento do que é estepaís multiétnico e de idioma totalmente diferente [cuja língua é oneerlandês], com costumes, normas e leis próprias. O nosso trabalho étambém de esclarecimento e orientação. É preciso entender o Surinamepara poder viver no país”, afirmou. Por segurança,a Embaixada do Brasil mantém a recomendação para que osbrasileiros evitem a região de Paramaribo. Para Machado e Costa, não háum clima de xenofobia contra os brasileiros, mas pode haverestranhamento de um ou outro indivíduo. “É melhor não arriscar ir atéaquela área. Mas um fato é certo: não há preconceito nem restrições aosbrasileiros”, disse ele.Desde o ataque na véspera do Natal, odiplomata conversa diariamente com as autoridades surinamesas. Machadoe Costa já se reuniu com ministros, representantes da políciae do Serviço de Inteligência, além de diplomatas do Suriname. “Há umapreocupação efetiva em apurar o crime e evitar repetições”, afirmou.       Oataque promovido pelos quilombolas foi contra 200 brasileiros, chinesese javaneses. Segundo as investigações policiais, o estopim foi oassassinato de um quilombola por um brasileiro em um restaurante. Mas oclima de animosidade entre os “marrons” e os brasileiros era antigo,uma vez que os quilombolas cobrariam taxas para que os estrangeirosvivessem em Albina.Para vingar a morte de um dos "marrons", o grupode quilombolas partiu para o ataque. Houve agressões físicas, estuprose depredações de supermercados, da única casa de câmbio da cidade e doprincipal posto de gasolina.