Melhor prevenção contra problemas provocados pela chuva é planejamento, diz pesquisador

09/01/2010 - 0h43

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Para prevenir os problemas provocados pelas chuvas - que só em São Paulo já mataram 43 pessoas de dezembro até ontem (8) - o remédio continua a ser o planejamento. Em entrevista estasemana à Agência Brasil, o geólogo, pesquisador e diretor adjunto doInstituto Geológico (IG), vinculado à Secretaria do Meio Ambiente doEstado de São Paulo, Paulo César Fernandes da Silva, ressaltou que “umaação contínua de planejamento e de ordenamento territorial”, apesar dasfalhas históricas, poderia prevenir algumas das tragédias ocorridasneste verão brasileiro. “Os municípios tem que tomar conta do uso de seusolo e da ordenação do seu território”, disse Silva. Esse planejamento,segundo ele, passaria pelas cartas geotécnicas e pelo mapeamento dasregiões, com a especificação do tipo de solo e de ocupação.Silvareconhece que a culpa pela falta de planejamento não pode ser creditadaapenas aos governos atuais. “Não é que faltou planejamento em São Luizdo Paraitinga [cidade paulista que sofreu com o problema daschuvas e viu muito de seu patrimônio histórico ser perdido por causadas enchentes]. A ausência de planejamento é cultural. O que estamosvendo é que, onde há o evento, a circunstância instalada, a falta deplanejamento fica mais evidente”, afirmou.Desde o primeiro diadeste ano, quando as chuvas provocaram estragos e mortes em váriascidades de São Paulo, principalmente nas localizadas no Vale doParaíba, o Instituto Geológico enviou técnicos para avaliar osdeslizamentos de terra e alertar sobre a necessidade de remoção defamílias que vivem em áreas de risco. Desde outubro doano passado, técnicos do instituto vêm levantando dados sobre a baciado Rio Paraíba do Sul, rio que dá nome ao Vale do Paraíba, para tentarmapear áreas de risco na região.“Fizemos um levantamento emjornais de 1970 até o ano passado. E temos cadastrado 1,5 milocorrências, mais ou menos, de enchentes e inundações ao longo de todaessa bacia hidrográfica que envolve o Vale do Paraíba”, revelou opesquisador. Nesta análise preliminar, segundo ele, foi possívelperceber que em 1983 esta região também sofreu muito com as chuvas,como efeito do El Niño.“Ao que tudo indica, os fenômenosatmosféricos estão recrudescendo, ou seja, estão ficando mais severos”,afirmou. De acordo com Silva, ainda não é possível dizer com certezao que pode estar motivando a natureza, mas uma série de fatores deveser considerado como o aumento da emissão de gás carbônico e de outros gasesdecorrentes da industrialização e o abatimento de vegetações.Nestasemana, o governador de São Paulo, José Serra, afirmou que pretendefazer uma intervenção maior nos licenciamentos municipais.