Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Duas semanas e meia depois do ataque a brasileiros no Suriname, asmulheres agredidas sexualmente ainda estão em estado de choque. De 21mulheres suspeitas de serem vítimas, apenas quatro tiveram condições dedetalhar as agressões que sofreram. As conclusões estão em um relatóriominucioso elaborado por duas assistentes sociais e uma psicóloga quepassaram a última semana na capital do país, Paramaribo.ÀAgência Brasil, a subsecretária de Enfrentamento à Violência daSecretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gonçalves,afirmou que as supostas vítimas ainda estão abaladas e com dificuldadede relatar o que viveram. Para as mulheres, de acordo com osdepoimentos, é fundamental haver um grupo de apoio neste período.“Asmulheres ainda estão em crise de surto e algumas em estado de choque.Isso é absolutamente frequente em casos de agressão sexual. Asassistentes sociais e a psicóloga só tiveram uma semana paraestabelecer laços de confiança. Isso é muito pouco”, disse asubsecretária. “Vou encaminhar às autoridades do Pará e ao Itamaraty asconclusões e pedir providências.”A subsecretária vai sugerir oenvio de um grupo com assistentes sociais, psicólogos e médicos paraque acompanhe as mulheres agredidas por mais alguns dias. Nesta semana,Aparecida Gonçalves segue para Belém. “O atendimento às vítimas deagressões sexuais deve ser prolongado. Apenas uma semana é muito pouco.É só uma primeira etapa”, disse.Ao longo da última semana, as assistentes sociais e a psicóloga visitaram as mulheres que afirmam ter sidoestupradas e agredidas sexualmente. As especialistas, enviadas pelogoverno brasileiro, foram ao encontro das vítimas em quatro hotéis emParamaribo e nas casas de amigos das mulheres.No último dia 24,na região de Albina (a 150 km de Paramaribo), cerca de 300 quilombolassurinameses, denominados “marrons”, atacaram aproximadamente 200brasileiros, chineses e javaneses. Pelo menos 25 brasileiros ficaramferidos. A polícia do Suriname prendeu 35 pessoas, das quais 18 sãoapontados como líderes do ataque.Não há confirmações de mortes.Mas alguns dos brasileiros que vivem no Suriname suspeitam que existamdesaparecidos. A Embaixada do Brasil em Paramaribo retirou osbrasileiros da área de Albina. O governo do Suriname mantém o reforçodo policiamento na cidade e em outras regiões consideradas de risco.