Kirchner levanta suspeitas contra seu vice e reitera demissão do titular do BC

08/01/2010 - 17h02

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise na Argentina foi agravada hoje (8) ao ganhar novos elementos.A presidente argentina, Cristina Kirchner, foi à público criticar seuvice-presidente, Julio Cobos, que demonstrou interesse em concorrer àseleições presidenciais na disputa com o ex-presidente Néstor Kichner. Aadvertência ocorre um dia depois de Cristina Kirchner demitir pordecreto o presidente do Banco Central, Martín Redrado, que se recusa adeixar o cargo. Acirrando ainda mais a tensão política naArgentina, Cristina Kirchner levantou suspeitas sobre a fidelidade deCobos ao governo. Para ela, seu vice estaria por trás da resistência deRedrado a renunciar ao comando do Banco Central. “Aprenda qualé o papel do vice-presidente”, afirmou  Cristina Kirchner, em evento naregião de Avellaneda, referindo-se a Cobos. “Eu acredito que todo mundotem o direito de ser candidato a presidente, mas primeiro deve aprenderqual é o papel do vice-presidente”, disse ela. Em tom dedesabafo, a presidente reclamou de Cobos a quem acusa de estimularRedrado a não renunciar. Segundo Cristina Kirchner, pessoas de suaconfiança lhe contaram das supostas articulações políticas de seuvice-presidente. “É estranho ver alguém que te acompanha na sua ação[de governo] que é candidato de oposição para a próxima eleição[presidencial] e ainda que participa em discussões contra o governo”,afirmou ela.Ontem (7) a presidente demitiu, por decreto,Redrado. Ambos divergem sobre a utilização de cerca de US$ 6,6 bilhõesdas reservas estrangeiras para pagar vencimentos da dívida externa em2010. Cristina Kirchner defende a utilização, enquanto o presidente doBanco Central é contrário. O governo já teria designado Miguel Pesce,atual vice-presidente do BC, como interino. Mas o esforço é nomearMario Blejer para a função.   No entanto, pelas leisargentinas, o Banco Central é autônomo. Ainda segundo a legislação, o presidente dainstituição deve ser designado e destituído via Congresso Nacional. Omandato de Redrado acaba em setembro.Nos últimos dias, ele afirmou que continua trabalhando normalmente. Redradoconta com o apoio da oposição que tem maioria no Parlamento.Aimprensa argentina informa que Cobos teria marcado uma conversa noSenado para buscar o fim do impasse em torno de Redrado. Mas hoje apresidente Cristina Kirchner negou ter designadoseu vice para negociar com os parlamentares. “[Cobos] não é legislador,não integra comissão alguma e não pode convocar reuniões. É isso queafirmam a Constituição e os regulamentos”, disse.A presidenteda Argentina condenou ainda a decisão de uma juíza que determinou asuspensão dos efeitos do ato que estabelece o Fundo do Bicentenário queé formado pelos recursos das reservas do Banco Central.