Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As exportações daAmérica Latina e Caribe devem registrar em 2009 queda de 24%, emrelação ao ano anterior, depois de terem apresentado crescimento médioanual de 17% entre 2003 e 2008.O motivo da perspectiva de retração é a crise financeirainternacional, segundo informou aComissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Os dados constam do relatório Comércio Internacional na América Latina eCaribe: crise e recuperação, divulgado no site da entidade.Segundo a Cepal, aqueda resultará da combinação da baixa de 15% nos preços e de 9%no volume. De acordo com o relatório, essa redução simultânea nopreço e no volume dos produtos não se registra desde 1937.Trata-se de um recordehistórico, superado somente pela forte desaceleração do comérciono período posterior à crise de 1929, em consequência de políticasprotecionistas adotadas pelos Estados Unidos e pela Europa.O relatório indicaque, embora a previsão seja de queda generalizada nas exportações,haverá diferenças importantes entre subrregiões e países.Enquanto a previsão para a Venezuela é de queda de 42%, e para ospaíses andinos, de 32%, no Caribe a redução deve ser de 29% e noMéxico e Chile pode ficar em em 22%, na comparação com 2008.Para o Brasil, a estimativa também é de 22%, bem próxima doresultado efetivamente apurado (redução de cerca de 23%) pelo Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A queda nasimportações no Brasil ficou em 26,2%.Na análise por setores, os dados de janeiro a setembro de 2009mostram que as exportações de minerais e de petróleo foram as maisafetadas no ano passado, com queda média de 42,3%, enquanto asmanufaturas tiveram retração de 25,4% e os produtos agropecuários,de 18,4%.Para a Cepal, asimportações devem registrar em 2009 redução similar à ocorridadurante a crise da dívida externa de 1982. Na América Latina eCaribe a previsão de queda é de cerca de 25%. Ao contrário do queacontece com as exportações, a retração das importaçõesdeve-se, principalmente, à variação do volume, que teve queda de16%, enquanto os preços apresentaram baixa de 9%.A Cepal também observadiferenças entre países e subrregiões. Houve queda de 35% noCaribe, 32% no Chile, 22% no México e 26% na América do Sul, porexemplo. Segundo o relatório, devido à contração da atividadeeconômica, vários países da região aplicaram medidas de contençãodas importações como prevenção de eventuais desequilíbrios nobalanço de pagamentos.Apesar da queda nocomércio exterior, as perspectivas da Cepal para 2010 são demelhora. Essa mudança é indicada, entre outros fatores, pelarecuperação parcial dos preços de vários produtos básicos, comocobre, petróleo, trigo e soja.Arecuperação gradual do financiamento internacional e a melhoraparcial no nível de atividade econômica em várias economiasindustrializadas e na região da América Latina e Caribe também vão contribuir para a melhora.