Em busca do fim da crise, Congresso prepara anistia a envolvidos no golpe contra Zelaya

07/01/2010 - 10h58

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Há quase sete meses emmeio a uma intensa crise política, as autoridades de Honduras buscamuma solução para o impasse. O Congresso Nacionalhondurenho deve analisar e votar uma proposta de decreto concedendoanistia aos envolvidos no golpe de Estado que depôs o presidenteManuel Zelaya. O estudo ainda não foi concluído e está em fase deelaboração por uma comissão especial parlamentar.Um dositens que deverá ser incluído no texto é a questão relacionada àdenúncia de que Zelaya, enquanto estava no poder, pretendia promoveruma reforma constitucional contrariando interesses do país. Porém,o decreto deve excluir outros temas polêmicos, como a pressão queobrigou o presidente deposto a deixar o país no momento dogolpe.Deposto em 28 de junho de 2009, Zelaya tem minoriaentre os 128 deputados que integram o Congresso Nacional de Honduras.Em dezembro, 111 deles foram contrários ao retorno do presidentedeposto ao poder. O golpe contra Zelaya contou com o apoio deintegrantes do Congresso, das Forças Armadas e da Suprema Corte dopaís vizinho. Ontem (6) o Ministério Público de Honduraspediu à Suprema Corte que emita ordem de prisão da cúpula militarpor “abuso de autoridade” na expulsão de Zelaya durante o golpe.Em três dias, a Suprema Corte deverá decidir se instaurará a ação.Se isso ocorrer, será designado um juiz para conduzir oprocesso.Também nesta semana os Estados Unidos enviaram umrepresentante ao país vizinho na tentativa de negociar um acordoentre o presidente deposto e o de fato, RobertoMicheletti. Nos últimos dois dias, o subsecretário adjunto para oHemisfério Ocidental dos Estados Unidos, Craig Kelly, esteve emTegucigalpa (capital hondurenha).Kelly sugeriu a criação deuma Comissão da Verdade como mecanismo de restabelecer a ordem nopaís. Paralelamente, autoridades norte-americanas apelaram para queo governo de Honduras busque meios de solucionar a crise e tentarretomar as relações de harmonia com os países vizinhos. Nopróximo dia 27, o presidente eleito, Porfírio “Pepe” Lobo, tomaposse. O governo do Brasil não reconhece a legitimidade de suaeleição nem aceita a gestão de Micheletti. Para as autoridadesbrasileiras, o ideal seria Zelaya concluir seu mandato e passar ocargo a Lobo. Desde 21 de setembro, o presidente deposto estáabrigado na Embaixada do Brasil em Honduras.