Crise mundial desperta pais e escolas para ensinar crianças a lidar com dinheiro

16/11/2008 - 17h28

Leandra Felipe
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - Os problemas que o sistema financeiro mundial atravessa têm chamado a atenção para a importância da educação financeira. O governo do Reino Unido, por exemplo, resolveu transformar o assunto em matéria obrigatória nas escolas públicas. Mas o ensino de educação financeira não é novidade. Em países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, México e Polônia já existem cursos especializados voltados ao público infantil. No Brasil, as iniciativas também já começaram a surgir. A educadora Sílvia Alambert representa, desde o ano passado, a franquia The Money Camp, que oferece cursos sobre finanças para todas as faixas etárias e que também treina as escolas para implantarem seus próprios programas. Ela defende que os pais falem abertamente sobre dinheiro com os filhos.“Para que a criança possa entender como o dinheiro circula, o ter ou o não ter, é preciso que haja diálogo. Os pais devem explicar como funciona, por exemplo, um cartão de crédito, um cartão de débito. Além disso, a mesada também é um instrumento importante para que as crianças comecem a administrar seus próprios recursos. Aí ela passa a entender o que acontece quando ela não economiza e não poupa”, explica.De acordo com Sílvia, aos cinco anos de idade as crianças já podem aprender sobre dinheiro, em casa ou na escola. Se os pais optarem por dar mesada, o valor deve ser acertado de acordo com a realidade da família. Ela acredita que se pode aproveitar momentos como esse, de crise financeira mundial, para ensinar lições aos filhos, especialmente sobre a importância de se planejar e de viver dentro do orçamento doméstico.A escola de Gabriela Paiva, 8 anos, na capital paulista colocou a educação financeira na grade curricular há dois anos. A menina tem aulas desde os 6 anos de idade e já aprendeu a poupar. Durante 10 meses ela juntou dinheiro para comprar seu primeiro celular. As lições que teve em sala de aula mudaram sua forma de pensar.“A gente aprende como gastar o dinheiro com inteligência, sem gastar tudo de uma vez. Antes eu queria tudo na hora, eu não sabia esperar. Mas agora eu sei esperar quando eu quero muito uma coisa e eu ajudo minha mãe a comprar, eu dou meu dinheiro, eu economizo”, conta Gabriela.A mãe da menina, a funcionária pública, Patrícia Paiva, aprova as aulas de educação financeira. “Eu acho importante a criança saber o real valor do dinheiro. Saber que tudo que ela tem casa tem um custo. Que a luz, a água e a comida não chegam de graça”, diz.