Presidente da CPI sobre corrupção no governo gaúcho diz que votará contra o relatório final

04/07/2008 - 21h04

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - AComissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Detran, queanalisa as denúncias de corrupção no governogaúcho, deve votar ainda hoje (4) o seu relatóriofinal, que resume cinco meses de atividade dos deputados estaduais. Odocumento, de 425 páginas, está sendo lido desde amanhã de hoje, na Assembléia Legislativa do Rio Grandedo Sul.Opresidente da CPI, deputado estadual Fabiano Pereira (PT), jáadiantou que votará contra o documento, que consideraincompleto. “O relatório tem várias incorreçõese serve =como uma tese de defesa dos réus que fizeram umafraude no Detran, de onde foram desviados mais de R$ 40 milhõesdo povo gaúcho”, disse.Orelatório do deputado Adilson Troca (PSDB) acata a decisãoda juíza Simone Barbisan Fortes, que nominou 40 réus noprocesso sobre fraudes nos contratos das fundaçõesligadas à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) comDetran. Troca também sugeriu o indiciamento de RonaldoMorales, ex-presidente da Fundação de Apoio àTecnologia e Ciência (Fatec), que gerenciava os testes demotorista do Detran gaúcho.FabianoPereira garantiu que a bancada do PT vai apresentar, em seu voto, oindiciamento de mais sete pessoas: a governadora Yeda Crusius, odeputado federal José Otávio Germano (PP), o presidentedo Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas, oex-secretário geral de governo Délcio Martini, oex-representante do governo gaúcho em Brasília, MarceloCavalcante, o ex-chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, e oex-secretário do Planejamento, Ariosto Culau.O relatóriotambém faz um conjunto de recomendações aogoverno, como a realização de concurso públicopara o Detran, a diminuição do preço da CarteiraNacional de Habilitação e a revisão doscontratos realizados pelo Detran com as fundações eorganizações não-governamentais.Para Troca,seu relatório é consistente e mostra tudo o queaconteceu no órgão desde 1997. “A oposiçãodiz que eu fui brando em relação ao governo atual, masde todos esses anos de irregularidades, temos apenas cinco meses dogoverno atual. Estamos citando tudo o que aconteceu de 1997 para cá,mostrando todos os problemas. É uma disputa políticatambém”, reconhece Troca, que é do mesmo partido quea governadora Yeda Crusius. O relator acredita que, dos 11parlamentares que compõem a CPI, pelo menos nove deverãovotar pela aprovação do relatório.FabianoPereira tem consciência de que, como a oposiçãotem minoria na Comissão, será difícil rejeitar orelatório, mas ele afirma que, nessa hipótese, o PT iráencaminhar uma representação cível e outracriminal ao Ministério Público Federal. Alémdisso, ele diz que a Comissão de Serviços Públicosda Assembléia Legislativa vai dar continuidade àsinvestigações dos documentos obtidos pelo Parlamentogaúcho.Para opresidente da CPI, mesmo se o relatório for aprovado comoestá, o resultado do trabalho da comissão serápositivo. Segundo ele, além de dar transparência aosacontecimentos, a CPI possibilitou a investigação emoutros órgãos do governo e atingiu pessoas influentesna política gaúcha. “Embora o relatório sejaomisso, a CPI não corre mais o risco de virar pizza, porqueela já deu resultados no decorrer de seu caminho, dandotransparência à fraude, mostrando quem desviou recursose procurando ir além nas investigações”,afirma Pereira.