Governo boliviano teme onda de violência depois de referendo sobre autonomia

23/06/2008 - 20h12

Da Agência Brasil

Brasília - O governo da Bolívia se mostrou hoje (23) preocupado com a possibilidade de um cenário de violência nos departamentos da chamada “meia lua” depois de concluídas as consultas sobre os estatutos autonômicos de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija. Os referendos são considerados ilegais pelo governo central. Medidas de violência poderiam ser usadas, de acordo com a Agência Boliviana de Informação (ABI), agência de notícias oficial da Bolívia, para evitar a participação dos departamentos no referendo de revogação de mandato para presidente, vice-presidente e prefeitos (governadores), convocado para o dia 10 de agosto.“Hoje [os prefeitos da “meia lua”] não podem deixar de ler a realidade, tememos que passem a um cenário de manipulação da violência, já disseram de forma direta ontem que não estão interessados no referendo revogatório de mandato”, afirmou o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.De acordo com Quintana, o governo tem a informação de que o próximo passo, depois dos referendos, é a violência, apesar da disposição para o diálogo, manifestada pelos prefeitos dos quatro departamentos. Grupos de choque estariam atuando para gerar conflitos.O governo de Evo Morales qualificou as quatro consultas sobre a autonomia como “milionária e ilegal”. Para o porta-voz oficial, Iván Canelas, a decisão da Prefeitura de Tarija – última a realizar o referendo, ontem (22) – e dos cívicos locais de submeter ao voto um documento que poucas pessoas conheceriam é ilegal.De acordo com a ABI, a principal característica das consultas nos quatro departamentos foi a violência promovida pela União Juvenil Cruzenha (UJC), que teria atacado camponeses, colonizadores, mulheres, idosos e outros que se opunham aos estatutos autonômicos.Ainda segundo a agência oficial, com o resultado da consulta em Tarija, fica constatado que 49,96% da população da meia lua - entre os que votaram “não” e os que se abstiveram, o que equivale a 575.632 votos de um total de 1.151.725 habilitados para votar - é contra os estatutos promovidos pelos prefeitos e cívicos da região.Os dados consolidados e oficiais das cortes eleitorais de Santa Cruz, Beni e Pando e da boca de urna em Tarija mostram uma abstenção média de 38,7%, ou 446.235 eleitores. Já o “não” somou 121.179 votos.