Mylena Fiori*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Greenpeace considera o pedido de demissão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, uma sinalização de que o governo federal não está preocupado com as questões ambientais. Segundo Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas da organização não-governamental (ONG), Marina saiu em razão de pressões do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, pela revogação das novas normas que condicionam a concessão de financiamento agrícola ao cumprimento de critérios ambientais.O Ministério do Meio Ambiente não confirma as razões da demissão. E o governo do Mato Grosso nega a alegação do Greenpeace. "Não há fundamento nesta afirmativa”, disse o secretário de Comunicação, José Carlos Dias. Segundo ele, o governador Blairo Maggi foi surpreendido com a saída da ministra e não se manifestou sobre o assunto.As regras para crédito agrícola foram aprovadas em fevereiro pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e já valem para a safra 2008/2009, que começa em julho. "Isso começou a impactar quem desmatava, as pressões aumentaram e foram aceitas pelo Palácio do Planalto e pela Casa Civil", afirmou Sérgio Leitão em entrevista exclusiva à Agência Brasil.Blairo Maggi esteve em Brasília na última quinta-feira para o lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS). Segundo Leitão, o governo estaria disposto a revogar as novas regras. O Palácio do Planalto não confirma as informações."O Senado ganha uma ótima senadora [Marina Silva, que vai reassumir o cargo no Senado], mas o Brasil perde a última e única voz que falava em nome das questões ambientais", avalia o diretor do Greenpeace. Ele acredita que a saída de Marina Silva terá impacto negativo internacionalmente. “O governo perde sua carta de apresentação internacional nas discussões ambientais. Se o Brasil tinha alguma credibilidade perante o mundo, acabou de perder".Leitão lembrou que a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, vem a Brasília amanhã (14) justamente para tratar de questões ambientais - no dia 28 de abril, o ministro de Meio Ambiente do país, Sigmar Gabriel, esteve com Marina Silva, em Brasília, preparando a vinda de Merkel. Além disso, o primeiro-ministro da Finlândia, Matti Vanhanen, tinha audiência marcada com Marina Silva na quinta-feira, em Brasília.