Em Congonhas, Educafro faz manifestação favorável a cotas raciais em universidades

13/05/2008 - 22h18

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Uma manifestação realizada hoje (13), no saguão do aeroportode Congonhas, em São Paulo, marcou a passagem dos 120 anos da abolição da escravidão. Organizado pelo grupo Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes(Educafro), o protesto reuniu cerca de 500 pessoas e teve como objetivodemonstrar que, “mesmo com a assinatura da Lei Áurea, a libertação dos negros ainda nãoaconteceu no Brasil”, segundo disse um dos coordenadores do movimento, CleytonWenceslau.Segundo ele, a maioria dos participantes do protesto são alunosou ex-alunos de cursos pré-vestibulares, organizados pela Educafro. Entre outrasreivindicações, eles pediram que instituições como a Universidade de São Paulo(USP) e a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp)incluam em seus processos seletivos regulamentos que favoreçam a inclusão denegros no ensino superior.“Isso é um recado para as duas universidades e para outras,que não utilizam a política de cotas no vestibular”, disse Wenceslau. “Sóprivilegiar o ingresso de estudantes de escola pública não aumenta o número denegros na universidade”, completou.De acordo com a Empresa Brasileira de Infra-EstruturaAeroportuária (Infraero) a manifestação reuniu cerca de 300 pessoas enão prejudicou o funcionamento do aeroporto. Os manifestantes informaram quenão bloquearam o acesso aos balcões das empresas, somente entregaram panfletoscom reivindicações do movimento.Eles escolheram o aeroporto de Congonhas como local da manifestação, disse Wenceslau, pois oambiente "é por tradição excludente". Segundo o coordenador da Educafro, quase nãose vêem negros trabalhando em companhias aéreas e na própria Infraero, que é umaempresa estatal.Durante os protestos, os manifestantes pediram também que políticas pró-negrossejam debatidas como programa de governo nas próximas eleições municipais, que serão realizadas em outubro, e protestaram contra “grupos racistas” que levaram ao Supremo TribunalFederal (STF) um manifesto contra a adoção de políticas de cotas emvestibulares e concursos.