Moradores acusam PM de agressões em favelas do Rio

24/04/2008 - 21h40

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As operações da Polícia Militar no complexo de favelas daPenha, iniciadas no último dia 15, deixaram 16 mortos, segundo líderes da comunidade, que reclamam dos tiroteios freqüentes e acusam os policiais de truculência. “Eu estava perto da minha porta, eles foram e me deramporrada. Eu falei que morava ali, eles pensaram que eu era bandido, me derammadeirada na minha cabeça e um socão”, contou um jovem de 17 anos que disse ter levado uma paulada.Outro jovem, de 15 anos, acusou os policiais do Batalhão deOperações Especiais (Bope): “Nós estávamos sentados em casa e eles entraram e ficaram ameaçando a minha mãe, falando que ela era vagabunda, que não trabalhava. Botaram a faca nelae ficaram ameaçando. Nós ficamos com medo.” A professora Angela Elvira, da Favela Merindiba, disse que teve a casaarrombada e revirada hoje (24) por policiais militares: "Por que isso?Eu não tenhovínculo algum com pessoas ilícitas. Não dou guarida a ninguém. Nãoexiste mandadoaqui. Só lá no asfalto. Aqui enfia o pé na porta e arrebenta.”Por meio de sua assessoria de comunicação, a Polícia Militar informou que só se pronunciará oficialmente sobre as acusações dos moradores se houver queixa formal na delegacia da região.Para o líder comunitário da Favela Parque Operário, EdmundoSantos, "os moradores não têm nada a ver com a guerra entre policiais e traficantes, só queremos ter paz". Ele reclamou da falta de investimentos no conjunto defavelas da Penha, que fica ao lado do Complexo de Alemão, beneficiado cominvestimentos de R$ 495 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).“Lá é PAC e aqui é bala”, concluiu.